Norte do país
Cheias afetam 22 mil famílias
Folhapress
A cheia dos rios na região Norte do país já afeta cidades no Amazonas, Pará, Rondônia e Acre. Mais de 22 mil famílias estão desalojadas, desabrigadas ou ilhadas em casa. Em Porto Velho, o nível do Rio Madeira bateu novo recorde histórico (19,05 m) e afeta diretamente 2.256 famílias.
Desde o fim de fevereiro, a capital de Rondônia está em estado de calamidade pública. Ontem, uma comitiva viajou a Brasília para pedir ajuda federal. Segundo a prefeitura, as perdas com a agropecuária somam quase R$ 1 bilhão, e 31 prédios públicos foram danificados, gerando um prejuízo de R$ 300 milhões.
A cheia também obstrui as principais rodovias federais da região, como a BR-364, único acesso por terra ao Acre, que sofre com a falta de abastecimento de alimentos e combustível. Além de alta nos preços, há escassez de determinados alimentos em alguns estabelecimentos do estado. "A situação é desastrosa", resume o coronel Lioberto Caetano, coordenador da Defesa Civil de Rondônia.
A Justiça Federal determinou ontem que as usinas Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, atendam as necessidades básicas - moradia, alimentação, transporte, educação e saúde - das famílias atingidas pela cheia do Madeira que moram acima de cada uma das hidrelétricas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil para cada uma. Segundo o juiz federal Herculano Martins Nacif, da 5ª Vara Ambiental e Agrária de Rondônia, há vínculo entre a cheia histórica do rio e as usinas instaladas no local.
Os reservatórios Jaguari e Jacareí, considerados o coração do Sistema Cantareira - maior fonte de água para a Grande São Paulo -, ficaram pela primeira vez na história abaixo dos 10% de sua capacidade ontem, atingindo 9,9%. As duas represas, que são interligadas e funcionam como uma, armazenam 808 bilhões dos 973 bilhões de litros água do sistema, que é levado em conta na divisão para abastecimento da Grande São Paulo e interior.
Levando em conta as outras três represas menores do Cantareira (Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro), o nível do sistema ontem chegou a 15,8% - o menor patamar desde que foi criado, em 1974. O problema é a falta de chuvas nos rios e represas do sistema desde dezembro.
Quando atingir 5% de sua capacidade, o Cantareira deixará de funcionar como sistema integrado (que reserva e transfere água de uma represa para outra por túneis) e só será possível tirar água dele por bombas especiais. O uso da água do fundo das represas (chamado "volume morto") nunca foi feito.
Risco
O uso do tal "volume morto" do sistema pode causar um colapso no abastecimento de água da Grande São Paulo e nos rios do interior do estado, além de colocar em risco a economia do país. A afirmação é do Consórcio PCJ, uma associação que reúne prefeituras, indústrias e entidades de 43 cidades da região de Campinas, Piracicaba e Jundiaí.
A retirada dessa água pela Sabesp foi autorizada pelo governador Geraldo Alckmin. A companhia já está fazendo obras que permitam a retirada desse volume, de cerca de 400 milhões de litros de água.
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