Dezenove dias depois de ter sido preso temporariamente, o coronel reformado Jorge Luiz Thais Martins, ex-comandante do Corpo de Bombeiros, foi posto em liberdade no fim da tarde de ontem. O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) concedeu o habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado pela defesa do coronel na terça-feira. Ele é suspeito de ter matado nove pessoas e baleado outras cinco, entre agosto de 2010 e janeiro deste ano.
O despacho foi assinado pelo desembargador Campos Marques, que considerou que a manutenção da preventiva implicava ?constrangimento ilegal? do coronel. Pontualmente às 18 horas, Martins deixou o quartel do Corpo de Bombeiros no bairro Portão, onde estava preso, e falou com os jornalistas. Com a voz embargada e com um tom entre o rancor e o desabafo, ele agradeceu a família, a Deus, à Justiça e ao Corpo de Bombeiros, instituição a qual esteve ligado por 37 anos. ?Eu sou um homem de bem?, afirmou.
Para o ex-comandante, a partir de agora se inicia um período de reconstrução. ?É juntar caquinho por caquinho?, resumiu. O coronel voltou a alegar inocência e também se dirigiu à família das vítimas dos crimes dos quais é suspeito. ?Eu tenho certeza de que essas pessoas sentiram o que eu senti. Eu não quero isso para ninguém. Eu sofri o que eles estão sofrendo?, disse. Martins deixou o quartel por volta das 18h30, no carro de um dos seus advogados, Silvio Micheletti.
?Não há condições técnicas para que o Ministério Público ofereça denúncia contra o coronel?, disse o advogado Elias Mattar Assad, outro defensor de Martins. Ele criticou a sessão de reconhecimentos feita pela Polícia Civil, nas quais testemunhas e sobreviventes de tentativa de homicídio apontaram Martins como autor dos crimes. ?A imagem do coronel foi detonada na mídia. Acusação tornada pública para depois se fazer um ato de reconhecimento.? Amigo pessoal de Martins, o comandante do quartel, tenente-coronel Luiz Henrique Pombo, não escondeu o alívio. ?Dar uma notícia dessas [a Martins] é algo que 32 anos de carreira, como é o meu caso, não pagam?, disse.
Martins é suspeito de ter cometido cinco ataques, em que nove pessoas foram mortas e cinco baleadas. Os crimes ocorreram na Vila da Rocinha, no Boqueirão, semanas depois de terem sido postos em liberdade dois suspeitos de terem matado o filho do coronel em uma tentativa de assalto, em outubro de 2009.
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