Os bombeiros de Minas Gerais confirmaram na tarde desta sexta-feira (6) a segunda morte causada pelo rompimento de duas barragens de uma mineradora em Bento Rodrigues, um subdistrito de Mariana (a 124 km de Belo Horizonte). O corpo da vítima foi encontrado na cidade de Rio Doce, a cerca de 100 km do local onde ocorreu o acidente na Samarco, empresa responsável pela barragem de contenção de rejeitos.
VÍDEO: funcionários de empresa se desesperam após o rompimento
INFOGRÁFICO: veja o antes e depois do local da barragem e do distrito atingido
Em MG, 5,7% das barragens não tinham condições de estabilidade; local de acidente era considerado seguro
Leia a matéria completaOs bombeiros ainda não confirmaram o sexo nem a idade da vítima. No momento da ruptura da barragem, um funcionário da empresa Samarco morreu no local após sofrer uma parada cardíaca. Há aos menos 25 pessoas desaparecidas depois que um “tsunami” de lama destruiu centenas de casas do subdistrito, de 492 moradores. Um carro chegou a parar em cima de um muro com a força da lama.
Um ginásio esportivo e o prédio de um colégio foram preparados com colchões e roupas doadas para receber os desabrigados. Na tarde desta sexta (6), representantes da Samarco concedem uma entrevista à imprensa sobre o acidente.
Acidente
O acidente ocorreu por volta das 15h30 na vila que tem 121 casas e 492 moradores, segundo o IBGE. Na hora do rompimento, um funcionário da empresa Samarco, responsável pela barragem de contenção de rejeitos, morreu no local. De 25 a 30 funcionários estavam no local.
Resgatados após rompimento de barragens passam por descontaminação
Leia a matéria completaSete carros dos bombeiros de Belo Horizonte, dois de Ouro Preto e helicópteros com cães farejadores foram enviados a Mariana, que foi isolada. A cidade não possui bombeiros militares, apenas civis.
Segundo Sérgio de Moura, diretor do Metabase (sindicato dos trabalhadores na indústria de mineração de Mariana), a Samarco disse que houve abalos sísmicos na região às 14h. O observatório da USP registrou, a 22 km do local, tremor de 2,55 na escala Richter, mas considerado de baixo impacto (com até 3 na escala, nem costuma ser sentido pelas pessoas). O rompimento ocorreu uma hora e meia depois.
O Ministério Público de Minas Gerais abriu inquérito, conduzido por cinco promotores, para apurar as causas e responsabilidades. Segundo o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, é prematuro tirar conclusões, mas ele descarta se tratar de um “acaso”. “Nenhuma barragem se rompe por acaso, isso não é uma fatalidade. Precisamos de rigor nesta apuração.”
A presidente Dilma Rousseff colocou à disposição as forças nacionais para ajudar no resgate de desaparecidos.
Outros casos
Em 2014, um acidente na barragem da Mineradora Herculano, no dia 10 de setembro, em Itabirito (a 58 km de Belo Horizonte), deixou ao menos três trabalhadores mortos.
Na época, o rompimento da barragem provocou o deslizamento de um grande volume de rejeitos de minério e lama, que atingiu veículos da empresa e matou os funcionários.
Quatro tremores de terra foram registrados antes do rompimento de barragens em MG
Leia a matéria completaEm 27 de maio de 2009, a barragem Algodões 1, em Cocal (282 km de Teresina), se rompeu e matou oito pessoas no Piauí. O acidente liberou todos os 50 milhões de litros de água armazenados.
Uma comissão independente formada por quatro professores da UFPI (Universidade Federal do Piauí) afirmou na época que a barragem Algodões 1 estava sem manutenção havia cinco anos.
Cinco anos antes, uma inundação decorrente de um vazamento na Barragem de Camará (152 km a oeste de João Pessoa, na Paraíba) matou ao menos três pessoas, duas em Alagoa Grande e uma em Mulungu, além de deixar outras 1.600 desabrigadas nos dois municípios.
Os municípios mais atingidos pela enchente -Alagoa Grande e Mulungu- ficam rio abaixo logo depois da barragem, na região do Estado conhecida como “brejo” -que divide o litoral do sertão.
Alagoa Nova, onde fica a barragem, teve poucos estragos em casas na zona rural, pois a construção fica na parte baixa da cidade.
Araçagi, Alagoinha, Mamanguape e Rio Tinto, as duas últimas já localizadas próximo ao litoral paraibano, também sofreram transtornos.
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