Catador de papel encontrou cadáver um dia antes da polícia
- por João Natal Bertotti - GP
Um catador de papel foi a primeira pessoa a encontrar, ainda em chamas, o corpo da universitária Ana Cláudia Caron, 18 anos, na quarta-feira, por volta das 16 horas, numa estrada secundária de Almirante Tamandaré, no Jardim Marrocos. Ele chegou a ligar para o número 190, serviço de emergência da Polícia Militar (PM), mas a PM demorou para atender a chamada. Como a rua não tem iluminação pública, o cadáver não foi achado na quarta-feira.
Ele só foi localizado ontem cedo, após outra pessoa ligar e avisar que havia um corpo carbonizado embaixo da linha de alta tensão, numa área que serve de depósito de lixo. No local ficaram mechas de cabelo da jovem. O delegado Riad Farhat, titular do Grupo Tigre, confirmou a informação. Segundo um parente do catador, ele parou para juntar papelão e viu um corpo queimando. "Quando ele chegou, o rosto e o ombro da mulher estavam em chamas", disse.
Outras pessoas e crianças enxergaram de longe um veículo escuro parado e dois homens retirando várias coisas do carro, e, em seguida, as chamas. O local onde a universitária foi queimada nua pode ser visto a distância, de algumas ruas do Jardim Marrocos que ficam no alto, após um vale que separa a área vazia da parte urbanizada do loteamento.
Segundo moradores da região, pelo menos três corpos foram jogados nos últimos meses perto de onde estava a universitária. Uma garota de programa, identificada como Vanessa, foi a penúltima vítima. "Ela foi enforcada com a blusa. O corpo estava próximo à torre de alta tensão, mais no alto, atravessando a rua", informou um morador. "O outro corpo era de uma mulher que desapareceu há alguns meses na Vila Oficinas, em Curitiba." Ele contou ainda que é muito comum achar corpos ali, além de pedaços de veículos desmontados.
Almirante Tamandaré
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O corpo da universitária Ana Claudia Caron foi enterrado às 11h desta sexta-feira (24) no Cemitério Paroquial São Marcos, no bairro Abranches, em Curitiba. Muitos parentes e amigos da estudante velaram o corpo durante toda a noite de quinta-feira (23) e a madrugada na Capela da Luz. Alguns vestiam uma camiseta branca com o rosto da universitária estampado. Muito abalados, os pais e a irmã de jovem não quiseram dar declarações.
Ana Claudia foi encontrada morta na quinta-feira (23) em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, perto da Rodovia dos Minérios. A jovem estava desaparecida desde terça-feira (21), quando foi levada da porta de uma academia do Centro da capital.
Ana Claudia tinha 18 anos e cursava o segundo semestre de Educação Física, na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Uma comunidade do curso no orkut criou um fórum de luto pela morte da estudante. Na página pessoal de Ana Claudia, amigos deixam várias mensagens para a jovem.
Os alunos do curso de Educação Física da UFPR foram dispensados das aulas nesta sexta-feira. A academia que a estudante freqüentava está fechada, com um cartaz na porta indicando luto. Para sábado (25), está programada uma passeata de protesto no Centro de Curitiba.
Investigação
O secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, determinou a criação de uma força-tarefa para prender o assassino da universitária. A equipe é formada por policiais do Grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especiais), do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Delegacia do Adolescente, da Delegacia de Furtos e Roubos e de Furtos e Roubos de Veículos.
A polícia trabalha com as hipóteses de seqüestro relâmpago, roubo do carro da vítima e até vingança, porque ela não carregava dinheiro, nem cartões de crédito. A academia a que ela se dirigia é freqüentada por policiais, o que pode reforçar a tese de vingança. Há ainda a possibilidade de assalto à mão armada.
A única hipótese já descartada é a de seqüestro, pois a família não recebeu nenhum pedido de resgate, afirma Farht. O delegado-chefe do Tigre, Riad Farhat, que coordena a força-tarefa, disse que a polícia não quer divulgar nenhuma informação sobre o caso, para não prejudicar a investigação.
Mistério
Testemunhas contam que Ana Claudia foi levada por dois homens que teriam se aproximado do carro e apontado uma arma para a vítima. Um guardador de carros, que trabalha no local, teria se aproximado do veículo e foi ameaçado pelos bandidos. A dupla entrou no veículo e saiu do local com a estudante. Segundo investigações, ela seguia para a academia com o namorado, em um carro separado. Ele ainda chegou a ver Ana Cláudia estacionando o Pálio na Rua Paula Gomes, após a esquina da Rua Duque de Caxias.
No mesmo dia, a polícia foi acionada pelos amigos da estudante que freqüentam a academia. Eles dizem que ficaram sabendo do fato meia hora depois, por testemunhas que viram a ação dos bandidos. "Assim que ficamos sabendo ligamos para a polícia. Todo mundo ficou desesperado. Saímos para ver o que tinha acontecido, mas os dois já tinham levado ela. Depois, telefonamos para avisar o que aconteceu para a família dela", disse um instrutor da academia, que preferiu não se identificar.
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