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Seguro

Corpo é exumado para apurar possível golpe

Exumação no Cemitério Parque São Pedro: confirmação da identidade do morto depende de exame de DNA | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Exumação no Cemitério Parque São Pedro: confirmação da identidade do morto depende de exame de DNA (Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo)

O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) de Curitiba exumou na manhã de ontem um corpo que estava enterrado no Cemitério Parque São Pedro, no Umbará (zona sul), para fazer exame de DNA. Uma investigação do Nurce levanta a suspeita de que o cadáver estaria enterrado com identificação falsa, que teria sido forjada pela mulher da falsa vítima para receber cerca de R$ 350 mil de uma seguradora. Só um exame de DNA resolverá o caso.

De acordo com informações do Nurce, os detalhes do golpe começam em outubro de 2003, quando a mulher que é investigada fez um seguro de vida em nome do marido. No dia 20 de agosto de 2005, o segurado desapareceu. Nesta mesma data, um homem sem identificação deu entrada no Hospital São José, em São José dos Pinhais, com ferimentos por arma de fogo e facadas. O paciente morreu dois dias depois da internação.

O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML), onde permaneceu até o dia 7 de outubro de 2005, quando foi enterrado como indigente. Neste período, a família do cliente do seguro já tinha ido ao IML a procura dele, mas não tinha reconhecido nenhum dos corpos classificados como indigentes, uma vez que ele tinha tatuagens, contou o delegado Sivanei de Almeida Gomes à Agência Estadual de Notícias. Do laudo de necropsia do corpo que foi enterrado não constava a presença de tatuagens nem os ferimentos a faca que o hospital havia informado.

Outro detalhes que resta por esclarecer é a ausência de tipagem sanguínea no prontuário médico do hospital. Além disso, segundo Gomes, no dia 6 de junho de 2007, após a suposta morte do cliente, a seguradora teria recebido um documento em que ele próprio comunicava sua mudança de endereço.

Em setembro de 2007, um funcionário do IML formalizou um termo de reconhecimento do indigente como sendo o segurado. "Durante este tempo, também apareceu um laudo necropapiloscópico [de impressões digitais], com data de 27 de setembro de 2006, alegando que as digitais do indigente pertenceriam ao desaparecido", relata o delegado.

Com estes documentos, em julho de 2008, a suposta viúva deu entrada na Justiça para fazer uma retificação de óbito – incluindo o nome do cliente do seguro. Em 2008 uma sentença favorável à mulher retificou a certidão de óbito. "Assim que esta sentença saiu, a suposta viúva deu entrada no requerimento do seguro para a seguradora, que, desconfiada, pediu investigação", diz Gomes.

Servidores

Segundo o delegado do Nurce, há indícios da participação de funcionários públicos no esquema. De acordo com a polícia, a exumação foi autorizada pelo juiz da Vara de Inquéritos Policiais, Pedro Luis Sanson Corat, e teve a participação de policiais civis e legistas do IML, além de um perito do Instituto de Criminalística, que coletou material para o exame de DNA. O material será usado para confronto com material genético da mãe do homem identificado como sendo o morto, e o prazo para a divulgação do resultado é de 30 dias.

"É a terceira vez, em menos de dois anos, que o Nurce exuma um corpo. As duas últimas resultaram na prisão de várias pessoas envolvidas em golpes milionários para recebimento de seguros, com participação, inclusive, de funcionários que atuavam no IML", lembra o delegado.

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