Para entrar em grupo de fanfarra, crianças e adolescentes de vila de Ponta Grossa tiveram de sair da rua e ir bem na escola| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

QUALIDADE DE VIDA

Vila Zumbi mede felicidade

A Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, lança hoje o projeto "Indicador de Felicidade Interna Bruta (FIB)". A iniciativa é do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). O objetivo é promover a felicidade interna e o desenvolvimento integral do ser humano na localidade.

As ações iniciam em 2011. Na primeira fase, os jovens serão capacitados para efetuar pesquisas na comunidade. Após o resultado, será feito um diagnóstico para delimitar ações para melhorar a situação socioeconômica e de felicidade da região. Para moradores, a situação da vila tem melhorado nos últimos quatro anos. No entanto, nos últimos meses o número de homicídios e agressões tem aumentado.

O FIB é um indicador sistêmico desenvolvido na Ásia. O cálculo considera aspectos de bem-estar, psicológico, saúde, uso do tempo, vitalidade comunitária, educação, cultura, meio ambiente, governança e padrão de vida.

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Oito passos para o desenvolvimento

Veja quais são os passos para incluir seu bairro, co­mu­ni­dade ou município na Rede de Desenvolvimento Local:

1º Instalar o comitê de articulação. Depois do primeiro contato com um agente da Fiep ou do Sesi, as pessoas interessadas devem se organizam em um grupo.

2º Articular a rede. O grupo for­mado vai em busca de mora­dores que queiram participar da rede.

3º Participar do seminário Visão do Futuro. Nessa fase, os moradores apontam os sonhos do futuro para os próximos dez anos.

4º Pesquisa dos ativos e necessi­dades. O grupo organiza informações sobre a localidade, mapeando suas potencialidades e carências.

5º Elaborar plano de metas.

6º Estabelecer agenda local. São escolhidas as prioridades para o próximo ano ou semestre.

7º Elaborar o pacto local. O pacto representa a formalização dos compromissos assumidos na agenda local. Participam os integrantes da rede e os possíveis parceiros.

8º Pôr a mão na massa. Escolher uma das prioridades da agenda local e realizar um projeto demonstrativo.

Serviço:

Informações pelo telefone (41) 3271-7404 ou pelo site www.desenvolvimentolocal.org.br

Veja quais as melhorias que os moradores identificaram como ações do futuro
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O melhor lugar do mundo deve ser aquele onde você passa a maior parte da sua vida, ao lado da comunidade que escolheu para viver. Com o propósito de que isso se concretize, o projeto Rede de Desen­volvimento Local procura mobilizar todo o Paraná para realizar sonhos em busca de uma vida melhor para a população. Os nú­­meros são promissores. Desde 2008, o programa da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e do Serviço Social da Indús­tria (Sesi) já chegou a cerca de 3 milhões de pessoas – em 69 dos 75 bairros de Curitiba, dez municípios da região metropolitana e nas cidades de Londrina, Ponta Grossa, Maringá, Guarapuava, Campo Mourão e Paranavaí.Desenhado a partir de discussões sobre o papel das redes sociais, o projeto adota o modelo de autogestão e autoparticipação. É a própria população que vai atrás de soluções para problemas identificados. A capacitação é feita em reuniões com profissionais de várias áreas. Para o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, ações como essa têm mais condições de atender aos anseios das co­­munidades do que o Estado. O que não significa, na opinião dele, que seja pela falta de capacidade econômica, mas funcional. "A mudança é significativa, mas ninguém faz milagres. O costume da colaboração ajuda no processo democrático. E quando ele se instala, é difícil haver reversões", afirma.

O início

Com o intuito de melhorar as condições de vida de famílias catadoras de lixo reciclável do Jardim Santos Andrade, no bairro Campo Comprido, em Curitiba, a professora Doraci Terezinha Bertassoni Tokarski foi a primeira a aderir à Rede de Desenvolvimento. Apenas uma reunião bastou para indicar o caminho para melhorar as condições de uma região carente, com ocupações à beira de um rio.

Uma associação de moradores foi montada e as famílias começaram a ser atendidas por uma assistente social. Num próximo passo, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente organizou ações de limpeza do rio, plantio de árvores e ofertou câmbio verde à comunidade – a troca de lixo por alimentos. "Se não fosse a motivação recebida, eu estaria no meu cantinho e eles no deles, sem imaginar que poderiam ser responsáveis por tantas mudanças", diz a professora.

O engenheiro civil e participante da Rede no bairro São Braz, Hirotoshi Taminato, lembra que a experiência nessa comunidade deu início a três projetos-piloto para desenvolver o bairro. O "Projeto Capoeira" ofereceu aulas gratuitas para 60 alunos das escolas da região. O "Dicas para o primeiro emprego" orientou jovens sobre como entrar no mercado de trabalho; e o "Preservar é preciso" difundiu ideias de preservação do meio ambiente e dos aspectos culturais da comunidade. "Consegui­mos despertar as lideranças para olharem para o seu bairro", acredita Taminato.

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No programa desde janeiro, os moradores do bairro Mossunguê, em Curitiba, também veem a experiência como positiva. Nos próximos seis meses, o presidente da associação de moradores, Ivo Antônio Rodrigues, acredita que será possível fazer a cobertura da capela do bairro e dar nome a uma rua de uma área de ocupação. Para a próxima década, os sonhos são muitos. Entre eles, lembra Ro­­drigues, estão as instalações de uma escola de ensino médio e uma creche na região, alé m de revitalizações viárias.

Região metropolitana

A dona de casa Maria Auxiliadora Rocha, 55 anos, também se diz engajada. Moradora do bairro Boneca do Iguaçu, em São José dos Pinhais, ela percebe que o ingresso na Rede trouxe benefícios para a região. Há dois anos, Maria fundou o Grupo Noé para montar uma associação no bairro e trazer melhorias para a comunidade. Porém, a ideia se mostrou mais promissora a partir da adesão à rede. Atualmente, o projeto de transformar uma rua do bairro em modelo urbano é o que está mais próximo de acontecer. No futuro, uma usina de reciclagem deverá garantir a geração de renda para o local. "Temos que ter a visão de que nossa casa não tem portão, não tem fronteiras. Tudo o que acontece na nossa comunidade afeta a cada um dos moradores."

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Interatividade

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