A tecnologia é uma aliada cada vez mais valiosa no tratamento do câncer. Ela permite tratamentos mais eficazes e diminui o tempo de tratamento para o paciente. Em países mais desenvolvidos, no entanto, uma das principais barreiras para fazer os resultados avançarem com mais rapidez está na dificuldade em se encontrar pacientes dispostos e/ou aptos a participarem das pesquisas.
Um dos mais respeitados pesquisadores do setor, o médico canadense David Roberge, da Universidade McGill, de Montreal, esteve recentemente em Curitiba participando do Oncoville Meeting 2006. Roberge é especialista em tumores cerebrais e referência mundial na área de radioterapia para tumores do sistema nervoso central.
Veja os principais trechos da entrevista concedida à Gazeta do Povo.Há avanços significativos nas pesquisas de câncer atualmente? Quais são as maiores dificuldades?No Canadá, a maioria das pesquisas é ligada a instituições de ensino. Nossas metas são cuidar do paciente, ensinar os alunos e realizar estudos. O que às vezes atrapalha é a dificuldade em conseguir pacientes para os estudos clínicos. Eles nem sempre querem participar ou são elegíveis para isso. Por conta dessas dificuldades, muitos dos avanços que conseguimos vêm da descoberta de outras utilidades e aplicações para os tratamentos que já existem. Por exemplo, fazemos testes e aprendemos que aplicar um pouco mais de radiação dá resultados melhores do que a dose que a gente vinha aplicando. Quais tipos de câncer apresentam melhor expectativa de cura hoje e em quais a pesquisa está mais avançada?Há uma variedade imensa de tipos de câncer. Alguns, como os de pele, não chegam nem a entrar nas estatísticas por serem muito simples de tratar. Em alguns casos, as chances de cura são de mais de 90%. Nos casos de cânceres mais comuns, como mama e próstata, se são descobertos precocemente a chance de cura também é muito alta.Qual o tipo de câncer mais pesquisado atualmente?Há tumores realmente muito agressivos. Há um tipo específico de tumor cerebral que foi pesquisado durante 50 anos e os resultados nunca foram positivos. Cada medicação nova que era testada apresentava os mesmos resultados. Quase 90% dos pacientes morriam. Só recentemente surgiu uma droga que tem apresentado resultados melhores para esse tipo de tumor. Isso acaba encorajando novas pesquisas. Para tumores do pâncreas as alternativas de tratamento também eram poucas até pouco tempo. Recentemente, apareceram novas drogas. Então, para alguns tipos há poucas pesquisas porque são raros; para outros, porque são realmente mais agressivos e difíceis de tratar. As pesquisas tendem a ser mais focadas nos tipos mais comuns. Atualmente, o câncer que mais mata nos EUA é o de pulmão, mas não porque seja o mais agressivo, mas porque a incidência é maior. E qual tumor tem os maiores índices de cura?Não há um tipo específico. Depende do grau em que o tumor é identificado. Quais as novidades no que diz respeito ao diagnóstico e como isso se reflete no tratamento e na expectativa de cura?Há diferentes passos que podem ser tomados para atacar o câncer precocemente. Mas a melhor maneira ainda é a prevenção. Grande parte de casos pode ser prevenida. É o que acontece com todos os cânceres relacionados ao tabaco, por exemplo. É muito mais fácil evitar o câncer do que tentar detectá-lo em estágio inicial. No caso do câncer de colo de útero é a mesma coisa: a maioria é causada por uma infecção que pode ser prevenida, agora, inclusive, com vacina. No entanto, há tipos de câncer nos quais essa prevenção não é possível, uma vez que não estão relacionados ao estilo de vida. As ferramentas de diagnóstico tiveram um avanço muito grande nos últimos anos. Hoje, contamos com instrumentos que permitem identificar exatamente onde estão os tumores, por quais áreas eles se espalham. Isso, sem dúvida, permite que o médico escolha os tratamentos mais apropriados para cada caso. A maioria dos casos de câncer tem realmente relação com a genética da pessoa? Há tipos diferentes de influência genética. Há casos em que o paciente possui genes específicos que aumentam o risco do aparecimento de tumores. Há, por exemplo, uma população de judeus que têm um determinado gene que aumenta o risco de câncer de mama. Existem testes que podem ser feitos com esses pacientes com o objetivo de identificar o gene e fazer algo para prevenir o aparecimento do câncer. Outra possibilidade que existe hoje são testes que permitem identificar mutações genéticas sofridas pelo tumor. Essa prática permite escolher melhor o tratamento.
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