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Os casos de corrupção e a impunidade no Brasil começam a prejudicar o trabalho realizado por entidades de assistência social. Muitas recebem recursos de organizações internacionais e já sentem o reflexo da imagem negativa do país. É o caso do Lar Escola da Criança, de Maringá, no Noroeste do Paraná. A entidade vai sofrer um corte de 8% no repasse feito pela associação alemã KNH Brasil Sul, com sede em Porto Alegre.

A KNH recebe dinheiro economizado por famílias alemãs e o distribui para instituições de diversos países. Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são 37 entidades beneficiadas, e o Lar Escola é uma delas. No ano passado, o repasse foi, em média, de R$ 10 mil por mês. De acordo com a diretora-presidente, irmã Cecília Inês Ferrazza, metade do dinheiro era usada para o pagamento dos salários e a outra metade, para as despesas de manutenção e alimentação das crianças.

Com o corte, o Lar Escola demitiu três dos 35 educadores e vai reduzir de 340 para 280 o número de crianças atendidas. "Sem o recurso é impossível manter o atendimento", garante a irmã Cecília.

Exemplar

O Lar Escola é reconhecido como uma entidade exemplar. Recebe crianças e adolescentes, filhos de famílias pobres, que freqüentam a instituição no contraturno escolar. Eles recebem café da manhã, almoço e um lanche à tarde, além de participarem de um dos 24 projetos desenvolvidos nas áreas cultural, esportiva e de trabalhos manuais. "Tiramos meninos e meninas da rua, proporcionamos horizontes melhores e combatemos os problemas sociais", declara a diretora-presidente.

Segundo a irmã Cecília, o argumento da KNH para reduzir o repasse foi o fato de o Brasil "esbanjar" dinheiro em esquemas de corrupção. "Os alemães vão direcionar o dinheiro que eles economizam para países mais pobres e honestos, localizados na África e Ásia", revela, desapontada.

De acordo com a diretora, todas as contas entre o Lar Escola e a organização alemã estão em dia. "Nunca colocaram em dúvida a nossa idoneidade. Fazemos as prestações de conta, recebemos visitas, são feitas auditorias. Se houver algum indício de irregularidade a entidade suspeita deixa, imediatamente, de fazer parte das organizações beneficiadas", comenta.

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