As regras para o racionamento de água em Curitiba e região devem ser definidas nesta segunda-feira, durante reunião entre técnicos e a diretoria da Sanepar. Horários para os cortes no abastecimento, definição de quantos dias de racionamento por semana e os bairros atingidos serão alguns dos assuntos em pauta. Na reunião, ainda será avaliada a situação das barragens e a redução de consumo de água pela população.
De acordo com a Sanepar, a data de início do racionamento ainda não está definida, mas está cada vez mais próxima em decorrência da falta de chuva e da pequena adesão da população à campanha para reduzir o consumo. A tendência é de que seja decretado o corte quando as duas mais importantes barragens que abastecem Curitiba e região Piraquara I e Iraí atingirem juntas 30% da capacidade, o que pode ocorrer em 15 dias. Até ontem, elas operavam juntas com 39,1% da capacidade. Com o racionamento decretado, hospitais, postos de saúde, creches e escolas terão um atendimento diferenciado, provavelmente com a utilização de caminhão-pipa para manter o abastecimento.
Está é uma das mais severas secas já registradas no Paraná. Dados do Instituto Tecnológico Simepar indicam que ela é a pior já registrada no estado desde 1997 ano em que o Simepar começou a medir os índices pluviométricos (quantidade de chuva). A média histórica de chuvas na região de Curitiba durante o mês de junho varia de 60 a 100 milímetros. No mês passado, o volume não passou de 28 milímetros. "Não há previsão de chuvas significativas para o inverno, só deve chover mais forte em setembro", afirma a meteorologista do Simepar Sheila Paz.
Já a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa) tem 750 estações que medem a quantidade de chuva nas margens dos rios e de água nos rios, que são monitoradas desde 1930. Elas apontam que esta é a pior seca registrada em 75 anos em alguns dos rios paranaenses.
O Rio Iguaçu é o que apresenta um dos quadros mais graves. Ele registrou a menor vazão de suas águas dos últimos 75 anos, no trecho que corta o município de União da Vitória. O presidente da Suderhsa, Darcy Deitos, conta que algumas ações de prevenção estão sendo feitas. "No Rio Alto Iguaçu estão sendo perfuradas cavas para o abastecimento de água", diz.
Segundo um balanço divulgado pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, a estiagem no estado fez com que 64 municípios iniciassem o processo para decretação de situação de emergência nos últimos meses. Destes, 42 enquadraram-se nos critérios estabelecidos pelo Sistema Nacional de Defesa Civil, quatro estão preenchendo a documentação e 18 não caracterizaram situação de emergência. A situação de emergência permite que os prefeitos tomem atitudes que amenizem os efeitos da estiagem, como a contratação de caminhões-pipa ou até mesmo a perfuração de poços artesianos.