Os alunos negros que ingressaram por cotas raciais na Universidade Federal do Paraná (UFPR) são os que registram menor evasão, mas que apresentam notas mais baixas. Apenas 4% deles abandonaram a universidade, enquanto 6% dos cotistas de escola pública e 11,6% dos demais estudantes registraram evasão. Apesar do índice, ao se comparar a média das notas referentes ao primeiro ano do curso, os cotistas raciais ficam atrás, com média de 5,6. A maior média é dos cotistas de escola pública, com 6,3.
Os números são do primeiro levantamento divulgado pela UFPR desde a implementação das cotas, em 2005, que destinam 20% das vagas a negros e 20% a estudantes vindos de escolas públicas. No balanço divulgado ontem, o Índice de Rendimento Acadêmico (IRA) de 2005 e 2006 e que varia de 0 a 100, foi de 53 dos cotistas negros, enquanto os não-cotistas registraram 62 e estudantes de escola pública, 63.
O calouro de História Marcelo Ferreira, que ingressou na universidade por cota racial, diz não sentir diferença do seu desempenho com relação ao dos colegas. "Estou na média. As dificuldades que tenho são as que todo mundo está encontrando", afirma. Para a vice-presidente do Instituto de Pesquisa da Afro-Descendência (Ipad), Marcilene Garcia de Souza, a diferença na média das notas registrada pelo levantamento não revela algo preocupante. "Além do IRA de dois anos, estamos preocupados com os efeitos da presença dessa população em todos os segmentos sociais, mais destacadamente na educação", contesta. Ela afirma que em 40% dos cursos da UFPR o aluno negro tem rendimento superior, o que não é visualizado na média geral.
Com relação ao índice de aprovação dos estudantes, os números ficam estáveis: foram aprovados 78% dos alunos de escola pública e 70% dos cotistas negros. Os demais universitários registraram média de 77%. "A reunião do Conselho Universitário nos fez ver que estamos no caminho certo", afirma o reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior.
O reitor também comparou o IRA dos alunos dos sete cursos mais concorridos da UFPR (Administração, Arquitetura, Direito Matutino, Direito Noturno, Medicina, Publicidade e Propaganda e Jornalismo). Os não-cotistas registraram índice 74, seguidos dos universitários de escola pública, 71, e dos negros, 70. Já nos sete cursos menos concorridos (Engenharia Cartográfica, Estatística, Filosofia, Física (bacharelado), Física (licenciatura), Gestão da Informação e Matemática Industrial), os cotistas da escola pública ficaram à frente, com 51, seguidos dos não-cotistas, 45, e dos negros, 35. "Percebemos mais diferenças internas entre os cursos do que entre cotista e não-cotista", diz Liliana Porto, presidente da Comissão de Acompanhamento do Plano de Metas Social e Racial da UFPR.
Desafios
Os resultados, considerados positivos pela universidade, não escondem alguns desafios. Entre eles o de completar as vagas destinadas às cotas raciais. No último vestibular, 318 cotistas negros foram aprovados para preencher as 822 vagas destinadas a eles. Medidas para aumentar o percentual de candidatos selecionados para a segunda fase e para informar os alunos sobre as cotas estão sendo estudadas. "Fizemos uma pesquisa no Colégio Estadual do Paraná e apenas 20% dos estudantes do Ensino Médio entendiam o sistema de cotas", aponta o reitor.
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