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A liberdade de expressão foi o grande foco do primeiro dia do CPAC, maior evento conservador do mundo, em sua segunda edição no Brasil, que começou nesta sexta-feira (3) e termina no sábado (4), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
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Referências às prisões, atentados à liberdade de expressão e decisões controversas do Supremo Tribunal Federal (STF) contra figuras de direita foram frequentes. Outro assunto trazido à tona diversas vezes foi a quebra da hegemonia da esquerda na opinião pública.
“Durante anos, eles tentaram nos calar, nos ofereceram alternativas falsas, mentirosas. Isso não vai mais acontecer”, disse Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência, no discurso de abertura do evento.
Além de Lorenzoni, os deputados federais Capitão Derrite (PP-SP), Bia Kicis (PSL-DF), Filipe Barros (PSL-PR), Caroline de Toni (PSL-SC) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL), de Santa Catarina, e o vereador Nikolas Ferreira (PRTB), de Belo Horizonte, palestraram neste primeiro dia.
Vários influenciadores da internet também estiveram presentes. Donos de canais de sucesso no YouTube, como Barbara Destefani, do Te Atualizei, e os humoristas do Canal Hipócrita falaram no evento, além da analista política e medalhista olímpica de vôlei Ana Paula Henkel.
Na área externa, as celebridades da internet foram mais tietadas que os políticos. A tietagem também ocorria na saída do palco, e a apresentadora do evento precisou fazer várias chamadas de atenção bem-humoradas para que a área lateral ao palco não fosse atravancada por participantes do congresso que pediam fotos com as celebridades.
CPAC ajuda a promover a liberdade de expressão, dizem palestrantes
Onyx Lorenzoni abriu o evento com um empolgado discurso com foco nos temas da liberdade e da verdade, citando algumas passagens bíblicas e fazendo críticas aos governos que antecederam o do presidente Jair Bolsonaro. “Fernando Henrique Cardoso preparou o Brasil para ser entregue para aquela turma (do PT)”, disse o ministro, sob aplausos.
Lorenzoni também relembrou os casos de corrupção das gestões petistas, destacando que, até agora, nenhum escândalo semelhante ocorreu no atual governo. “Imagine se a pandemia fosse num governo do Haddad”, disse o ministro ao citar os investimentos do governo Bolsanaro para combater o coronavírus. Na visão dele, uma gestão petista em um contexto de pandemia imporia ao país novos casos de corrupção.
No fim de sua fala, Lorenzoni fez uma convocação para os protestos do dia 7 de setembro e chamou a plateia a repetir versos do Hino da Independência. “Vamos continuar, firmes e lutando, porque aqui não tem covarde”, afirmou.
Para o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), o CPAC deve servir para despertar a consciência da população sobre as ameaças de censura contra os conservadores. “Imagina se nós não tivéssemos a consciência de que a liberdade de expressão está sendo cerceada. O movimento contrário à liberdade estaria muito mais amplo”, afirmou.
Mario Frias, secretário de Cultura do governo Bolsonaro, disse que o CPAC favorece a coesão do conservadorismo no Brasil. “É muito importante para que a gente possa trocar ideia, possa se conhecer, e transformar esse grupo em um grupo forte, coeso. É importante para o Brasil que a gente tenha todas as opiniões ouvidas. E aqui é uma parte do Brasil, e precisa ser respeitada. Isso aqui demonstra o quanto a gente está unido e quanto a gente tem força”, salientou.
O secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciúncula, considerou o CPAC “um marco da liberdade de expressão”. “Aqui é o palco onde há, realmente, novas ideias sendo colocada no cenário público, ideias que ainda estão sendo violentamente silenciadas. É a divergência política necessária para uma democracia pujante sobreviver. Este é o palco onde os grandes defensores da liberdade vão poder se pronunciar”, destacou.
Nikolas Ferreira, vereador de Belo Horizonte, afirmou que o CPAC “quebra uma espiral de silêncio”. “Antigamente, principalmente o jovem só poderia estar de um lado, que é o de esquerda. Não poderia ser anticomunista, por exemplo. Hoje, há vários jovens, crianças, adolescentes, idosos que têm coragem de se posicionar. Ou seja, a gente vai conseguindo, aos poucos, dando passos curtos, reocupar os espaços que a esquerda ocupou”, observa. “O jovem precisa ter força e um sentido. Caso contrário, vai ser usado como massa de manobra pela esquerda”, defendeu.
Além deles, o influenciador digital Fernando Conrado destacou a importância da internet para promover a coesão necessária para a criação de um evento como o CPAC. “Foi a comunicação através das redes sociais que fez com que nós transmitíssemos a nossa visão de mundo aos outros e enxergássemos, em conjunto, como o establishment nos dominava e cerceava as nossas liberdades”, afirmou.
Paulo Kogos, dono do canal Ocidente em Fúria, disse que o CPAC é “extremamente importante para a liberdade de expressão” porque mostra “que nós não nos rendemos, não nos calamos e que nós resistimos”. “Mostramos para a sociedade brasileira que as pessoas de bem, com seus interesses legítimos, podem, sim, se unir e se coordenar para proteger a liberdade e a justiça em longo prazo”. Além disso, segundo ele, o evento é importante para o networking. “Nós precisamos nos apoiar uns aos outros, precisamos de uma sociedade coesa”, afirma. “Quando a verdade chega às pessoas – como dizia Santo Agostinho, quando o leão da liberdade é solto –, isso fará a diferença. Quando as pessoas tiverem contato com a liberdade que é censurada pela grande mídia, elas poderão ver aquilo que presta, aquilo que faz sentido. Esse é o nosso papel aqui.”
Cubana e venezuelano radicados no Brasil criticam admiração pela esquerda
O jornalista venezuelano Rafael Valera e a cubana Zoe Martínez participaram de uma mesa redonda com o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Ambos chamaram a atenção para a necessidade de combater ideias semelhantes às do chavismo e da ditadura cubana no Brasil.
Valera elogiou a Operação Acolhida, do governo federal, que ajuda imigrantes venezuelanos a se integrarem na sociedade brasileira. “A gente tem uma necessidade vital. Não é uma preferência ideológica que está sendo beneficiada com isso. É uma questão vital, de vida ou morte”, disse ele.
Ele atacou duramente o chavismo e disse que, ao sair da Venezuela, enxergou com outra perspectiva a gravidade da realidade política de seu país de origem. “Quando eu conheci o que era o livre mercado, o que era a propriedade privada, só isso bastou para eu entender que o comunismo tem que ser extinto na Terra inteira”, destacou.
A cubana Zoe Martínez fez observações semelhantes sobre a realidade de Cuba. “Sem liberdade não há vida. Vale a pena arriscar, sim, para ter sua liberdade garantida”, afirmou.