CPI deve pedir o indiciamento de quatro petistas no caso dossiê

Brasília – A CPI dos Sanguessugas deve pedir o indiciamento de pelo menos quatro dos sete petistas investigados pela tentativa de compra do dossiê do empresário Luís Antônio Vedoin com papéis que supostamente ligariam os tucanos ao escândalo dos sanguessugas. Na opinião do presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), a Polícia Federal já tem elementos suficientes que indicam uma conduta criminosa para responsabilizar o ex-chefe do serviço de inteligência do PT Jorge Lorenzetti; o ex-assessor do ex-presidente do partido Ricardo Berzoini, Oswaldo Bargas; o ex-assessor do senador Aloízio Mercadante Hamílton Lacerda e o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso.

"A Polícia Federal já antecipou esse possível indiciamento e acredito que a CPI deve chegar a mesma conclusão no seu relatório final", afirmou Biscaia.

Para ele, os quatro devem ser indiciados por obstruir a Justiça e crimes previstos na Lei do Colarinho Branco. Segundo o relatório preliminar elaborado pelo delegado Diógenes Curado Filho, responsável na PF pelas investigações, "Jorge Lorenzetti, pelo que se sabe até o momento, foi a pessoa que articulou no âmbito nacional a compra do dossiê".

Articulador

A investigação da PF indica que Lorenzetti teria coordenado a participação do policial aposentado Gedimar Passos e do empresário Valdebran Padilha, presos com os R$ 1,7 milhão que seriam pago pelo dossiê, em São Paulo. Ele teria orientado também Expedito Veloso e Oswaldo Bargas, que negociaram com Vedoin. Já Lacerda foi identificado pela PF nas imagens do circuito interno de tevê do hotel como o responsável por levar até Gedimar e Valdebran o dinheiro que seria usado na operação.

Segundo o relatório da PF, ele seria o responsável também pela divulgação do dossiê.

"(Lorenzetti) Pediu que Gedimar Passos fizesse o contato inicial com Valdebran Padilha, dando funções específicas a Expedito Veloso e Oswaldo Bargas. Pediu que Gedimar fosse para São Paulo para receber o dossiê e entregar a Hamílton Lacerda. Tudo sob o seu comando e, estranhamente, não sabia da origem do dinheiro", afirma o delegado.

"A responsabilidade pela conduta criminosa já está confirmada no que diz respeito a Lorenzetti, Bargas, Expedito e Hamílton. Agora é ver ser houve mais alguém em cima que tivesse autorizado", explicou Biscaia.

O presidente da CPI, que foi procurador-geral de Justiça do estado do Rio de Janeiro, acredita que a PF deve indiciar os quatro petistas depois da eleição: "Se eles estavam com o dinheiro e não tem a origem... O relatório preliminar já antecipa esse indiciamento que vai se concretizar depois das eleições".

Embora tenha certeza de que a origem dos R$ 1,7 milhão seja ilícita, ele acredita, entretanto, muito difícil descobrir de onde veio o dinheiro.