CPI do Apagão - Familiares de vítimas de acidentes cobram explicações

Brasília – Familiares das vítimas dos acidentes aéreos do vôo 1907 da Gol, em Mato Grosso, e do vôo 3054 da TAM, em Congonhas, fizeram ontem muitas críticas e apresentaram sugestões aos deputados integrantes da CPI do Apagão Aéreo durante audiência pública. A partir de hoje o relator, deputado Marco Maia (PT-RS), começa a apresentar seu parecer sobre as investigações dos acidentes e da crise no setor aéreo brasileiro.

Marcelo Ildefonso, marido de Inêz Rebouças de Lima Marques, que morreu no desastre do vôo 1907 da Gol, questionou o fato de o ex-comandante do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) brigadeiro Paulo Roberto Cardoso Vilarinho não ter sido convocado para depor na CPI. "Quando tudo aconteceu, quem estava no controle do tráfego aéreo era o brigadeiro Vilarinho. A CPI chamou quem assumiu depois, mas os problemas já vêm há anos", reclamou Ildefonso.

Ele lembrou que antes do brigadeiro Vilarinho ser exonerado, a imprensa já havia divulgado que ele há tempos vinha alertando os demais responsáveis pelo setor aéreo dos problemas de infra-estrutura.

Luiz Salcedo, que perdeu o filho no acidente da TAM, exigiu que a CPI, ao ouvir amanhã o coronel Antônio Junqueira, especialista em análise de caixa-preta e diretor do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) à época do acidente com o Airbus A320 da empresa, esclareça o que de fato aconteceu nos 30 minutos que antecederam a tragédia no Aeroporto de Congonhas.

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Brasília – O relatório final da CPI da Crise Aérea da Câmara dos Deputados deve responsabilizar a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pelo caos aéreo. O relator da CPI, Marco Maia (PT-RS), vai propor ainda a construção de um terceiro aeroporto em São Paulo, recomendar o fim das passagens gratuitas para diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e sugerir que seja proibido no país uma aeronave voar com qualquer um dos reversos com algum tipo de problema. Mas há uma briga nos bastidores que envolve a base do governo e a oposição: a inclusão do indiciamento da advogada Denise Abreu, ex-diretora da agência, por improbidade administrativa e fraude processual.

Apesar de filiado ao PT, Maia defende o indicamento de Denise. Ele a considera responsável pela inclusão de uma instrução normativa que não estava em vigência, no recurso da Anac, para convencer a Justiça de São Paulo a liberar a pista de Congonhas. Mas outros parlamentares da base do governo não aceitam. A saída intermediária pode ser a recomendação de que ela, e toda a ex-diretoria da Anac, responda a um processo administrativo.

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Oposição

Pressionado pela oposição para que recomende a saída do atual presidente da Anac, Milton Zuanazzi, Maia se mostra reticente. Ele disse ontem que não é papel da CPI pedir a saída do diretor. Mas defende sua saída.

Sobre a criação do terceiro aeroporto em São Paulo, ele disse que essa nova unidade pode ser construída a partir do Campo de Marte, na capital paulista, ou numa cidade próxima, como Ribeirão Preto ou Jundiaí. Maia quer também que o serviço de carga seja descentralizado de São Paulo e vai recomendar a transferência dessa malha para o aeroporto de Confins, em Minas Gerais.

Os dois acidentes aéreos recentes ocorridos no país vão estar nas conclusões. No caso do acidente com o avião da Gol, que completa um ano no próximo dia 29, Maia vai pedir o indiciamento dos dois pilotos norte-americanos do Legacy. Ele quer também que alguns controladores de vôo sejam resposabilizados. O acidente da TAM será discutido na reunião de amanhã.

O relatório, que tem cerca de 500 páginas, vai ser apresentado em partes. Hoje, o assunto será infra-estrutura aeroportuária. Amanhã, o tema será o controle do espaço aéreo. Na quinta, Maia lê as conclusões sobre os dois acidentes e todas outras considerações finais.

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