• Carregando...

Brasília – Antes mesmo da apresentação do relatório final da CPI dos Correios, marcada para hoje, a radicalização política tomou conta da comissão. A oposição afirma que há provas para pedir o indiciamento dos ex-ministros José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo, atual chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência), enquanto os petistas já preparam um documento paralelo para ser apresentado caso isso seja acatado pelo relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

Nas reuniões para fechar a versão final do relatório, os governistas sugeriram uma gradação no capítulo dos pedidos de indiciamento: situações tipificadas (A), situações cuja conduta deverá ser avaliada pelo Ministério Público Federal para fins de investigação (B) e prosseguimento da investigação (C).

Segunda categoria

A proposta apresentada pelos petistas é que Dirceu, Gushiken, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e os deputados federais acusados de envolvimento com o "mensalão’’ fiquem na segunda categoria, por não haver, segundo eles, provas para sugerir a condenação em um crime específico.

"Não vou participar da dança da pizza. Há provas documentais e testemunhais para pedir o indiciamento de José Dirceu’’, afirmou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que é relator-adjunto. "O Gushiken comandava a Secom e conduziu o processo licitatório fraudulento na área de publicidade dos Correios’’, acrescentou o deputado tucano.

Eduardo Azeredo

Para tentar convencer a oposição, os petistas também propõem que a situação do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), ex-presidente nacional do partido, seja atenuada, assim como a do deputado federal cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que denunciou o suposto esquema do "mensalão’’.

O caso deles seria encaminhado para o Ministério Público Federal tipificar o crime posteriormente, se for o caso.

Azeredo admitiu à CPI ter havido caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais em 1998, mas disse que não tinha conhecimento do fato na época, jogando a responsabilidade para o então tesoureiro Cláudio Mourão.

Assim como o PT, a campanha do tucano ao governo usou o esquema operacional montado pelo publicitário Marcos Valério de Souza.

"A gente vai trabalhar o máximo para ter um relatório único, mas se forçarem a barra vamos ter um relatório alternativo’’, disse o deputado federal Maurício Rands (PT-PE), que também é relator-adjunto da CPI dos Correios.

Na versão petista, o único membro da cúpula do partido que teria o indiciamento pedido seria o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, ao lado de Marcos Valério e do marqueteiro Duda Mendonça. O ex-presidente do partido José Genoino ficaria na terceira categoria, na qual não foram encontradas suspeitas de irregularidade pela CPI. Seu caso seria investigado pelo Ministério Público.

O relator está sendo pressionado pelos dois lados, mas integrantes da oposição afirmavam no início da noite de ontem que Serraglio apresentará um relatório contundente, pedindo o indiciamento dos caciques petistas e repleto de adjetivos.

O deputado peemedebista pretende citar no relatório que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi avisado da existência do suposto esquema do "mensalão’’ pelo então deputado Roberto Jefferson antes da divulgação das denúncias, em duas entrevistas à Folha de S.Paulo em junho do ano passado.

O PT não admite que esse ponto seja mantido. "Não há provas para esse tipo de ilação", disse a líder do partido, senadora Ideli Salvatti.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]