Brasília A ação do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região da fronteira, com "representantes" no Paraguai, na Bolívia e uma "célula" na cidade gaúcha de Uruguaiana está sendo mapeada pela CPI do Tráfico de Armas, depois de pelo menos 22 depoimentos sigilosos feitos a deputados, em um ano e quatro meses de investigação. Os informantes são presos e testemunhas ligadas à facção criminosa.
O depoimento mais delicado, de uma mulher, levou à prisão de um especialista em armas que colaborava, ao mesmo tempo, com a Polícia Federal e com os contrabandistas. Os nomes da colaboradora e do armeiro não são revelados pela CPI.
Levada a Brasília, a mulher foi ouvida por apenas quatro deputados, que anotaram as informações o presidente da CPI, Moroni Torgan (PFL-CE); o relator, Paulo Pimenta (PT-RS); a sub- relatora, Laura Carneiro (PFL-RJ), e o vice-presidente, Neucimar Fraga (PL-ES). A sessão fechada, que ocorreu no meio do ano passado, não teve sequer notas taquigráficas. Nenhum funcionário da Câmara ou policial auxiliar da CPI acompanhou o depoimento. As anotações estão guardadas na secretaria da CPI.
Chamado de Testemunha Z, um presidiário ouvido em Porto Alegre deu nomes e telefones de traficantes de armas que atuam em Uruguaiana, ponto central de uma nova rota criada pelo PCC, passando pela Argentina, para escapar da fiscalização em Foz do Iguaçu. Segundo esse preso, o PCC tinha "um chefe" em Uruguaiana identificado como Valau, assassinado em São Paulo no ano passado. A testemunha disse que a facção criminosa providenciou a transferência do corpo do líder para Uruguaiana, onde foi enterrado.
Outro informante, chamado de Testemunha X, preso por tráfico de drogas depois de morar no Paraguai e na Colômbia, teve, de acordo com um dos parlamentares da CPI, "posição de relevância no PCC" e revelou detalhes da rota que passa por Ciudad del Este no Paraguai e sobre as dificuldades da rota por Mato Grosso do Sul. "A Federal começou a apertar as polícias Civil e Militar, que davam cobertura, e a rota foi destruída", disse a testemunha. X afirmou que as armas eram escondidas em caminhões que levavam principalmente madeira e carvão e seguiam até a divisa com São Paulo.
Mais de uma testemunha citou a cidade de Ribeirão Preto como importante ponto de passagem das armas e munições. O "chefe" na cidade foi identificado como Rodolfo ou Gordão, com os comparsas Dirlei e Peixe.
Fundador do PCC e afastado da facção criminosa desde que foi deposto pelo atual líder, Marcos Camacho, o Marcola, o preso José Márcio Felício dos Santos, ou Geleião, também falou sob reserva à CPI, em maio de 2005. No mês passado, foi a vez de Marcola. O chefe do PCC recusou-se a dar detalhes da rota do tráfico de armas ou de citar nomes de comparsas. Admitiu pagar seus advogados com dinheiro do crime e falou em "milhões de reais" quando fez referência a seu patrimônio.
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