Brasília A pressa para votar a prorrogação da CPMF em segundo turno fará com que a base governista tente aprovar "na marra" cinco medidas provisórias que trancam a pauta da Câmara dos Deputados. Três delas tratam de mudanças significativas em pontos nevrálgicos da administração pública educação, segurança e previdência social. O objetivo do Palácio do Planalto é que elas sejam apreciadas até a próxima terça-feira.
Para evitar transtornos como o ocorrido semana passada no Senado, quando uma rebelião de peemedebistas derrubou a MP que criava a Secretaria Nacional de Planejamento a Longo Prazo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne-se hoje com líderes partidários. A partir de agora, Lula se compromete a negociar com antecedência a aprovação de propostas de interesse do governo. A regra vale tanto para deputados federais quanto para senadores.
O plano do governo é garantir um desfecho tranqüilo para a prorrogação do imposto do cheque na Câmara até o dia 9. E, depois disso, ganhar tempo para negociar no Senado. Até agora, Lula conta com os votos de apenas 41 dos 49 senadores necessários para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição, que prorroga também a Desvinculação das Receitas da União (DRU).
Se a PEC não for promulgada até 31 de dezembro, CPMF e DRU deixam de existir a partir de 2008. A proposta pede a prorrogação de ambas até 2011. Atualmente, a cobrança de 0,38% por movimentação financeira é responsável por uma arrecadação de R$ 38 bilhões por ano, mais do que o previsto para investimentos no país na Lei Orçamentária Anual de 2007.
Vice-líder do maior partido da oposição, o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) critica o esforço para forçar a aprovação das cinco MPs. "Outra vez, é a negação da Câmara. É impressionante como a agenda do Legislativo fica nas mãos do governo, o que prejudica as nossas atribuições."
Em média, a Câmara costuma avaliar apenas duas MPs em uma mesma semana. Segundo o vice-líder do PT, André Vargas, é melhor votar as medidas agora do que retirá-las de pauta. "Há assuntos importantes, que interessam ao Brasil, como a criação do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Têm de ser aprovados porque ajudam a população, não importa se vieram do governo ou não", defende o petista.
A Câmara precisa votar as MPs porque elas têm prioridade de tramitação em relação às demais proposições como Projetos de Lei ou PECs. Três das que devem ser apreciadas nesta semana trancam a pauta (374, 378 e 383). As duas primeiras já passaram pela Casa e retornaram após terem sido aprovadas no Senado. Elas tratam, respectivamente, de Previdência Social, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), e da abertura de crédito extra para ministérios.
As outras duas MPs na pauta (384 e 385) passam a trancar os trabalhos a partir dos dias 5 e 7. Elas tratam do Pronasci e de novas regras de aposentadoria para trabalhadores rurais.