Um relatório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) do Rio Grande do Sul responsabilizou a boate Kiss pelo incêndio que causou a morte de 237 pessoas no dia 26 de janeiro. Na quinta-feira passada, integrantes da comissão, formada por especialistas em incêndios, inclusive o presidente do Crea, Luiz Alcides Capoani, que é engenheiro civil, visitaram a boate. No relatório, eles classificam a tragédia como uma "sucessão de erros" e defendem o fim das licenças provisórias para locais que não possuam alvará do Corpo de Bombeiros e a proibição de fogos de artifício em espaços fechados.

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"Uma combinação do uso de material de revestimento acústico inflamável, exposto na zona do palco, associada à realização do show com componentes pirotécnicos" foi a causa do incêndio, segundo o Crea. O relatório afirma que o número de vítimas foi alto por causa das dificuldades de evacuação e superlotação do prédio. Os especialistas também confirmaram que os extintores na casa noturna falharam quando acionados para combater o incêndio.

A comissão criticou o sistema adotado em 2005 para desburocratizar a emissão de Planos de Prevenção e Proteção Contra Incêndio, que permite a liberação de uma casa noturna, mesmo nos espaços onde há grande aglomeração de pessoas, sem um laudo assinado por um responsável técnico. Era o caso da boate Kiss. "Muitas dessas falhas provavelmente teriam sido evitadas se houvesse um projeto de segurança contra incêndio por profissional habilitado e com formação específica", afirma outro trecho.

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Para evitar novas tragédias, a comissão sugeriu que o governo do Estado proíba shows pirotécnicos em ambientes fechados e baixe um decreto que obrigue as casas a apresentarem seus planos contra incêndio. O treinamento dos funcionários para situações de emergência, certificação dos materiais utilizados e a instalação de alarmes contra incêndio são outras medidas recomendadas.