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Cascavel – O volume de apreensões de madeira nativa aumentou 13,47% no Paraná, entre janeiro e maio deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados, divulgados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), apontam que neste ano foram recolhidos 559 metros cúbicos de madeira bruta (toras) contra 492,61, em 2005. Boa parte das autuações ocorreu nos assentamentos de sem-terra de Quedas do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Oeste do estado. De acordo com a polícia, os assentamentos alimentam o comércio clandestino de madeira no interior do Paraná.

O secretário de estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e presidente do IAP, Rasca Rodrigues, não associa o aumento das apreensões a uma elevação nos cortes irregulares, mas à intensificação na fiscalização. Ele lembra que em 2004 foi criado o Programa Força Verde, integrando as ações do IAP e do Batalhão de Polícia Ambiental.

De acordo com Rodrigues, o programa investiu R$ 7 milhões na compra de equipamentos diversos, como dois motoplanadores, um avião Skyline, dois helicópteros, barcos, viaturas e motos. No ano passado, os 22 escritórios regionais do IAP emitiram 7 mil autuações por crimes ambientais – em 2004 tinham sido cerca de 2,3 mil. Nos primeiros três meses de 2006, foram mais 1,5 mil autuações. Segundo Rodrigues, a maioria dos crimes contra a flora está relacionada a cortes irregulares, desmates e queimadas.

Carência

Apesar do investimento no setor, os 900 profissionais capacitados no estado (da Força Verde e Polícia Ambiental) não são suficientes e o IAP sofre com a falta de efetivo. Na região de Rio Bonito do Iguaçu e Quedas do Iguaçu, onde se concentram os maiores assentamentos de reforma agrária no país, é a Polícia Militar quem desenvolve ações de combate ao comércio clandestino de madeira. Esse é o caso da 2.ª Companhia da Polícia Militar de Quedas do Iguaçu que apreendeu, nos últimos seis meses, 15 caminhões lotados de pinus e araucária (pinheiro-do-paraná), além de árvores nativas da região.

Os casos mais recentes aconteceram na segunda-feira passada e ontem de madrugada, com três pessoas detidas. O comandante da 2.ª Companhia, tenente Renato Marchetti, informou que as toras apreendidas seriam levadas para Santo Antônio do Sudoeste e Dois Vizinhos. De acordo com a PM, toda a madeira apreendida neste ano em Quedas do Iguaçu foi extraída ilegalmente do assentamento Celso Furtado, que é ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).

Com 23,7 mil hectares e 973 famílias, o Celso Furtado foi criado no ano passado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para servir de modelo ao sistema de reforma agrária no país. Mais da metade dos 23,7 mil hectares do assentamento precisa ser protegida porque forma reserva legal (24%), área de preservação permanente (6%) e de reflorestamento de pinus e araucária (30%). A extração ilegal, segundo a polícia, ocorre na área de reflorestamento, que equivale à cerca de 4,5 mil hectares cobertos de araucária e pinus, além de uma pequena quantidade eucalipto.

Crime

A madeira e os caminhões confiscados lotam o pátio da 2.ª Companhia da Polícia Militar em Quedas do Iguaçu. "Mesmo com as apreensões, a derrubada de madeira continua dentro do assentamento. A extração ou transporte de madeira ilegal é crime e os responsáveis serão responsabilizados conforme a lei", diz o delegado de Quedas do Iguaçu, Douglas Possebon, que investiga a ação dos assentados e os madeireiros da região.

As lideranças do MST na região de Quedas do Iguaçu não quiseram comentar as denúncias feitas pela polícia. Os proprietários de madeireiras também preferem não falar sobre o assunto. Para o tenente Marchetti, a extração ilegal abastece o comércio clandestino de madeira nas regiões Sudoeste, Centro-Oeste e Oeste do estado. Cada carga é vendida por valor variando entre R$ 300 e R$ 500, mais depois de processada vale até vinte vezes mais no mercado.

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