O número de casos de leishmaniose visceral registrado só nos primeiros seis meses de 2007 já quase igualou o computado ao longo de todo o ano de 2006, segundo novos dados tabulados pelo Ministério da Saúde. A média de casos mensais superou a do ano anterior e a situação epidemiológica justifica medida polêmica tomada em julho pela pasta, que proibiu o tratamento de cães com a doença para que eles não sobrevivam - e para evitar que a leishmaniose se espalhe entre seres humanos.

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A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa, transmitida pelo mosquito-palha, e que causa febre e aumento do volume do fígado e do baço, emagrecimento, complicações cardíacas e circulatórias, desânimo, prostração, apatia e palidez. Se não houver tratamento, mata em 90% dos casos.

O cão doente, cujos sintomas são perda de pelos e emagrecimento acentuado, é considerado o principal "reservatório" do protozoário parasita causador da doença em meios urbanos. Se o animal for picado pelo mosquito, o inseto passa a ser um potencial transmissor da doença para humanos.

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Entre janeiro e junho de 2007, último período sobre o qual o Ministério tabulou informações, foram registrados 3.505 casos da doença, ou 96% de toda a casuística do ano anterior, que foi de 3.651 casos. Para a pasta, isso denota a necessidade de evitar que cães doentes permaneçam vivos.

Além disto, segundo o Ministério, o tratamento para cães, que é feito com medicamentos para humanos, pode chegar a R$ 2 mil mensais, o que impede grande parte da população de adotá-lo.

O Ministério vem enfrentando polêmica com entidades protetoras dos animais, veterinários e com o Ministério Público Federal por ter editado a portaria que proíbe o tratamento dos cães e os condena à morte. Em agosto, a Procuradoria Regional da República de Minas Gerais recomendou que a pasta suspenda a portaria, alegando principalmente que a própria Organização Pan-Americana de Saúde prevê o tratamento animal, desde que se evite o ataque pelos mosquitos, e que a terapia diminui a possibilidade de o cão contaminar o inseto e, conseqüentemente, humanos.

"O objetivo deles é a proteção animal. Também buscamos isto, mas nosso objetivo maior é a saúde humana", diz Ana Nilce Elkhoury, coordenadora de doenças transmitidas por vetores do Ministério da Saúde. Ela destacou que o mosquito transmissor tem um controle complexo somente quando o inseto já é adulto, e não há segurança de que os tratamentos para os bichos sejam seguros. Ela enfatizou ainda que entidades que reclamam teriam acompanhado a discussão para a edição da portaria.