Com a crise na zona do euro, aumentou em 80% o número de europeus presos no Estado. Quem puxa as estatísticas para cima são, na maioria, desempregados que aceitaram propostas de quadrilhas para vir ao Brasil e voltar para casa carregando cocaína. Pelo trabalho de "mula" do tráfico, receberiam quantias em torno de 10 mil euros (R$ 23 mil). A viagem acaba sendo só de ida para os que são flagrados no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.

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"Anteriormente, havia muitos presos de países mais pobres, mas ultimamente há um grande número de pessoas de países desenvolvidos", observa o procurador da República Vicente Mandetta, que atua em Guarulhos.

Em dezembro de 2008, antes de estourar a crise na Europa, havia 264 detentos europeus no Estado. Em 29 de fevereiro deste ano, eram 476, segundo a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária. O número de "mulas" de passagem por Guarulhos pode ser bem maior, avalia o procurador. "Se continuam vindo, apesar de tantas prisões, é porque ainda é lucrativo e muitos outros devem passar", afirma.

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No esquema do tráfico, o alto valor da cocaína na Europa compensa eventuais perdas com a prisão de algumas pessoas. O quilo da droga, que sai a 1.500 euros na Bolívia, chega a 40 mil euros do outro lado do Atlântico.

Com índice geral de desemprego de 23% e taxa de cerca de 50% entre os jovens, a Espanha é o país europeu que mais tem presos no Estado, um total de 115. O segundo lugar na lista é dos portugueses, com 74 detentos. Segundo a Polícia Federal, os dois países ibéricos são a principal porta de entrada para a cocaína transportada diretamente do Brasil para a Europa.