Um estudo inédito sobre homicídios contra crianças e adolescentes mostra que o Paraná teve um crescimento de 366,6% do coeficiente de mortalidade por homicídios (taxa por 100 mil habitantes), que é superior ao crescimento médio do país e da região Sul, entre 1980 e 2002. No período de 1990 a 2000, ocorreram mais mortes de crianças e jovens no estado em comparação à década anterior, de 1980 a 1990 (95,8% contra 89,3%). Os dados fazem parte do relatório intitulado "Homicídios de Crianças e Adolescentes, 1980 a 2002", que teve como principal objetivo mapear a violência contra crianças e jovens de zero a 19 anos no país. O trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) subsidiou os levantamentos do relatório mundial sobre o assunto.
Segundo a série histórica com dados de 23 anos, as taxas de homicídios contra a faixa etária cresceram em todo o país, sem exceção de estados e capitais. Elas representam 16% do total de homicídios no país. O estudo mostra ainda que na faixa entre 15 e 19 anos, a proporção de mortes por homicídios supera as de acidentes de trânsito.
Numa análise mais detalhada, o Paraná aparece com crescimento acima da média nacional (306,3%), da região Sul (297,2%), de Santa Catarina (225,6%) e do Rio Grande do Sul (258,3%). Os números também são altos em Curitiba, onde o crescimento foi de 425,2%. Nos 23 anos (1980 a 2002), a taxa do Paraná subiu de 2,29 para 10,69, e a de Curitiba de 2,65 para 13,90. Para fazer o relatório foram analisados dados sobre mortalidade do Ministério da Saúde e informações do banco de dados da imprensa sobre graves violações de direitos humanos do NEV/USP.
De acordo com a médica Maria Fernanda Tourinho Peres, coordenadora do estudo e pesquisadora sênior do NEV/USP, o estudo aponta o aumento, mas não tem como ir muito além. "O estudo é um primeiro grande passo para desvendar o problema, um grande diagnóstico inicial, mas tem limitações, porque ele não consegue explicar a causa das mortes e nem os seus autores".
Por outro lado, o trabalho aponta que melhorou o sistema de registro do tipo de mortes violentas, com relação à década de 80. "Houve uma melhora no registro das mortes externas (aquelas que não são naturais), porque até então não se sabia o motivo de cerca de 25% dessas mortes (acidentes, homicídios e suicídios), apenas que elas não eram naturais. Mas a qualidade da informação pára por aí", explicou a pesquisadora.
A pesquisa também mostra que do total de violações de direitos humanos, 14% foram cometidas contra pessoas com zero a 19 anos e a grande maioria das vítimas (86%) é do sexo masculino. Na faixa etária de zero a 9 anos, os casos de violência policial somam 55%. A partir dos 10 anos, começam a aparecer os casos de linchamento e o número de execuções supera o número de mortes, total de 53%, por violência policial.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que ainda não tomou conhecimento da pesquisa e só vai se manifestar sobre o assunto quando receber as informações. No entanto, o delegado Adonai Armstrong, titular da Delegacia de Homicídios de Curitiba, estima que o número de mortes envolvendo jovens deve aumentar 5% em relação ao ano passado. "Ainda não temos números concretos sobre o aumento de homicídios entre os jovens, mas, devido ao dia a dia profissional, acho que tem sim um aumento nesses crimes."
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