Uma menina de seis anos, que teve 90% do corpo queimado durante um incêndio criminoso a um dos quatro ônibus em São Luís, na noite de sexta-feira, é a vítima em estado mais grave de saúde. Entre as quatro vítimas internadas, ela é a única que corre risco de morrer.
O governo do estado avalia que os ataques aos coletivos sejam uma retaliação às ações nos presídios.
Internada na UTI do Hospital Municipal Clementino Moura, a criança respira com a ajuda de aparelhos e está inconsciente. A reeportagem entrou em contato com o hospital, mas ninguém atendeu às ligações.De acordo com a tia da vítima, Elen Cristina Castro, a equipe médica relatou que todos os procedimentos para tentar a salvar a vida da menina já foram feitos e que, no momento, "é preciso esperar a evolução do quadro."
"Ela não conseguiu sair a tempo com a mãe do ônibus. Acabou sendo a mais atingida", disse Castro.
A menina estava acompanhada da mãe, de 22 anos, e da irmã mais nova, de apenas um ano de idade. Elas também tiveram queimaduras em várias partes do corpo, mas não correm risco de morrer. Uma quarta vítima, um homem, passa por uma cirurgia na mesma unidade hospitalar.Ontem, quatro veículos foram incendiados. O procedimento dos criminosos foi semelhante nos quatro casos. Segundo informações da Polícia Militar, os bandidos entraram nos ônibus, assaltaram os passageiros e, ao sair, atearam fogo aos veículos.
No mesmo dia, uma delegacia de São Luís foi atacada a tiros. Um policial militar aposentado acabou morto na ação.Depois dos atentados, os veículos coletivos deverão ser recolhidos mais cedo, com circulação interrompida a partir das 18h neste final de semana.Na segunda-feira, os ônibus vão operar até as 19h. A medida foi tomada pelo sindicato dos trabalhadores do transporte público de São Luís.
Represálias
O ataque a ônibus de transporte coletivo é encarado pela cúpula da Segurança Pública do Maranhão como uma represália ao endurecimento da segurança nos presídios do Estado -que estão em colapso.No último dia 31, foram recolhidas 300 armas improvisadas, entre facas, facões e estiletes, além de drogas, bebidas alcoólicas e celulares dos presídios maranhenses.
Só o complexo prisional de Pedrinhas contabiliza 62 mortes de detentos desde 2013.
Diante das constantes rebeliões, com registros até de decapitação de presos, órgãos como OEA (Organização dos Estados Americanos), Procuradoria-Geral da República e CNJ (Conselho Nacional de Justiça) cobram uma solução da governadora Roseana Sarney (PMDB).