As crianças de Olinda aprendem desde cedo a carregar os bonecos gigantes que são marca registrada do carnaval da cidade. A missão de levar "foliões" de fibra eisopor é ensinada na casa do bonequeiro Jovenildo Bezerra da Silva, o Camarão. Ali, a filha Bianca da Silva, de 12 anos, a neta Alicia, de 3, e o sobrinho Washington Muniz Junior, de 13 anos, aprendem a carregar e fazer movimentos com os bonecos gigantes.
Cada boneco tem cerca de cinco quilos. Bianca começou a carregá-los quando tinha oito anos e foi a pioneira entre as meninas. "Foi a partir dali que criamos os bonecos mirins", lembra ela. A iniciativa foi aprovada pelas crianças de Olinda, que logo passaram a brincar o carnaval nas ruas junto com ela.
Para Bianca, o mais difícil da empreitada é quando as pessoas puxam as mãos do boneco. "Aí acabo me desequilibrando".
Este ano, Junior desfila com um boneco na cabeça pela primeira vez. "Fiquei três meses ensaiando", disse.O garoto ri quando questionadose carrega os bonecos porque não sabe dançar. Criado no Rio de Janeiro, ele não está acostumado a dançar o frevo. "Mas eu gosto de carregar os bonecos, acho divertido", conta.
A pequena Alicia é uma das mais animadas com o carnaval: pega a sombrinha e dança o frevo quando a reportagem da Agência Brasil chega casa de seu avô. "Ela adora os bonecos, no ano que vem estará carregando um", fala a tia Bianca.
Os carregadores-mirinsandam duranteaproximadamente uma hora com os bonecos na cabeça. "Mas me revezo com outras crianças", diz Bianca. Ao contrário dos carregadores adultos, os mirins vão para as ruas com uma "escolta" especial. "Não arredo o pé do lado deles. Levo água para eles não desidratarem", diz a mãe de Bianca, Tânia.
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