Crianças que trabalham estão sujeitas a diversos problemas de saúde, como infecções, acidentes com animais peçonhentos, queimaduras e deformações. Além disso, a falta do desenvolvimento completo de sua formação óssea, respiratória e muscular torna o trabalho mais perigoso.
Apesar dos esforços de fiscalização, os números do trabalho infantil ainda são alarmantes: são 2,5 milhões de crianças de 5 a 15 anos trabalhando 35% delas sem remuneração, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a coordenadora do Núcleo de Apoio a Programas Especiais (Nape) da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Paraná (SRTE/PR), Fernanda Sucharski Matzenbacher, enquanto no campo a indústria do fumo e a do milho estão entre as que mais se utilizam da força de trabalho infantil, nas cidades as crianças costumam ser encontradas em oficinas mecânicas, na construção civil, indústrias madeireiras, olarias e confecções. Em casa, fazem o trabalho doméstico e nas ruas atuam em panfletagem, reciclagem de lixo e sofrem com a exploração sexual.
De acordo com dados da SRTE/PR, de janeiro a agosto deste ano, em 874 locais de trabalho fiscalizados foram localizados 4,4 mil menores trabalhando, 73 deles em situação ilegal. Dessas, 39 tinham entre 14 e 16 anos; 31 entre 7 e 14; e 3 ainda não tinham 7 anos. No entanto a estatística seria ainda maior se fossem consideradas as tarefas caseiras.
Dentro de casa
A diarista Mariluce*, de 45 anos, levou a filha Bianca* ao trabalho até a menina completar 5 anos. Bianca hoje tem 12 anos e freqüenta a escola. Ainda ajuda a mãe nas tarefas domésticas, mas só em casa, onde cuida do irmão de 5 anos. Dos tempos em que acompanhava Mariluce nas casas onde trabalhava, a filha carrega duas cicatrizes de queimaduras leves no braço e a lembrança de uma infância roubada. "Eu não tinha escolha. Quando ela derrubou uma frigideira e se queimou, resolvi colocar ela na creche", conta a mãe.
"Limpar, carregar peso, lavar e passar roupa não são atividades aceitas pelo organismo de uma criança, pois elas não estão preparadas para reconhecer e se proteger do perigo", afirma a médica do trabalho June Rezende, que também ressalta os problemas no desenvolvimento psicomotor da criança explorada. "Ela está em uma fase em que é mais recomendado o aprendizado. No período livre, deve brincar."
* Nomes fictícios.
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Serviço
O Nape fornece informações e recebe denúncias sigilosas sobre a exploração do trabalho infantil pelo telefone (41) 3901-7550.
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