O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, classificou como “inadmissível” a morte do cardiologista Jaime Gold, de 57 anos, depois de ser assaltado, quando andava de bicicleta na noite desta terça-feira.
“É inadmissível o que aconteceu ontem na Lagoa Rodrigues de Freitas, um lugar querido por todos os cariocas, frequentado pela população do Rio de Janeiro e pela população estrangeira, pelos turistas que vêm ao Rio de Janeiro. Não podem acontecer e se repetir cenas dessa natureza”, afirmou Beltrame, em pronunciamento divulgado no Twitter da Secretaria.
Ele continuou: “Um lugar como a Lagoa Rodrigo de Freitas não pode de maneira nenhuma ser alvo desse tipo de atitude porque é local em que todos nós frequentamos, gostamos de ir, gostamos de frequentar, é um cartão postal. Nós não podemos admitir de maneira nenhuma que ações dessa natureza aconteça”.
ONG Rio de Paz faz protesto no local do crime
A morte do cardiologista Jaime Gold mobilizou a ONG Rio de Paz a reclamar da violência na cidade. Aproveitando o esfaqueamento do médico na Lagoa, o fundador da entidade, Antônio Carlos Costa, foi até o local do crime e exibiu cartazes com números da violência na cidade que, segundo ele, são oficiais, divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).
“Hoje é um dia emblemático, um dia triste. Por que além de termos tomado conhecimento pela manhã da morte desse médico e do drama que toda a sua família está vivendo, o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro apresentou os números de mortes violentas do mês de abril de 2015. E nós tomamos conhecimento de que a partir de dados oficiais do estado de 2007 até abril de 2015, 50.181 pessoas sofreram mortes violentas. É quase um Maracanã lotado”, pontuou Antônio Carlos Costa.
Ele aproveitou para alertar para o risco de a população se revoltar de forma tão intensa a ponto de querer fazer justiça com as próprias mãos.
“É uma vida preciosa que foi ceifada. Precisamos, contudo, tomar cuidado com possíveis leituras que podemos fazer desse trágico episódio, que deixou para trás uma família inconsolável, uma vez que o sentimento da população quanto a impunidade que graça no nosso país é muito grande. E isso pode nos levar a uma espécie de caça às bruxas, de criarmos um estado fascista. Precisamos entender o fato de que uma sociedade desigual como o Rio de Janeiro, historicamente desigual, na qual os desiguais vivem lado a lado, num contexto de uma sociedade de consumo e num estado fraco no qual as instituições não funcionam, pessoas morrem. E nós vimos hoje essa violência vazar para a Zona Sul. Violência que é experimentada regularmente pelo pobre na favela. E a nós nos cabe, como membros da classe média chorar tanto a morte que acontece num lugar nobre como esse tanto as mortes que acontecem nos bairros pobres, especialmente nas favelas”, alertou.
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Beltrame disse que o novo comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar (Leblon), tenente-coronel Joseli Cândido da Silva, assume com a missão de “reposicionar” todo o policiamento, com cavalaria, bicicletas. “O atual comando assume com essa primeira missão que é a proteção total da Lagoa Rodrigo de Freitas”.
A saída do tenente-coronel Jorge Luiz Ferraz Eduardo, que estava à frente do Batalhão do Leblon desde novembro, foi anunciada sexta-feira (15).
O pronunciamento de Beltrame provocou reações nas redes sociais. “15 pessoas foram mortas nos últimos dias na Cidade Maravilhosa, a grande maioria longe de cartões-postais. Socorro, não moro na Lagoa!”, escreveu um internauta.
Segundo o secretário, a segurança na região será reforçada com policiais montados à cavalo e em bicicletas e que ações junto com a Guarda Municipal estão sendo discutidas.
O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) afirmou que já havia pedido no início desta semana o aumento do policiamento na região onde o médico foi esfaqueado. Ele disse que passou pela Lagoa Rodrigo de Freitas, por volta das 22h, e constatou o pouco policiamento.
Pezão, no entanto, afirmou que apenas o reforço do policiamento não é suficiente. “A polícia está fazendo seu trabalho de prender. E um dia depois a Justiça vem, um desembargador vem, dá uma liminar e solta. Precisamos discutir com a sociedade”, afirmou Pezão, que disse que 60% das prisões em abril foram de menores.
A morte do médico Jaime Bold, 57, não é o primeiro caso de violência que acontece na pista de lazer da Rodrigo de Freitas. No dia 19 abril, os ciclistas Victor Didier, 19, e Felipe Schuchmann, 14, foram esfaqueados e tiveram suas bicicletas roubadas.
No dia 25 de abril, um adolescente de 14 anos, que é aluno de remo do Flamengo, foi atacado por adolescentes quando andava de bicicleta. Ele levou uma facada dos assaltantes no ombro esquerdo.
No dia seguinte, policiais militares do 23º Batalhão da PM (Leblon) apreenderam dois menores armados com uma faca. Levados para a delegacia, a dupla foi reconhecida pelo atleta de remo do Flamengo que teve a bicicleta roubada um dia antes da prisão dos adolescentes. No mesmo dia um outro homem também foi roubado e esfaqueado na Lagoa.
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