São Paulo O estado mais rico do país está mergulhado num clima de completo terror. A onda de ataques imposta pelo crime organizado à bases policiais, que começou na noite de sexta-feira, prosseguiu ontem.
O número de mortos chega a 72 e o de feridos a 55, numa contabilidade que chega a 103 atentados até às 22h30 de ontem. Dos mortos, 19 são criminosos.
Pior. Ontem, os atentados atingiram alvos civis: pelo menos 12 ônibus foram queimados, dois deles em vias de grande movimento da capital: a Marginal Tietê, na altura da Vila Maria, e outro na Rodovia Presidente Dutra, no limite entre a capital e Guarulhos.
Os ataques nas ruas são simultâneos às rebeliões nos presídios. Desde sábado, detentos de 69 prisões do estado se rebelaram.
No último balanço da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), 44 presídios continuavam rebelados, com mais de 50 mil presos o equivalente a uma cidade de porte médio do estado. Até mesmo uma unidade da Febem, a da Vila Maria, aderiu ao movimento, mas a Tropa de Choque da Polícia Militar entrou e controlou o motim.
Apesar do elevado número de mortes e dos levantes, o governador Cláudio Lembo afirmou que a situação está sob controle e recusou ajuda do governo federal, que colocou à disposição de São Paulo 4 mil homens da Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal, assim como as Forças Armadas.
Mesmo com a mobilização, quase 48 horas após de ter sido deflagrada a maior onda de ataques do crime organizado já registrada no Brasil, o governo de São Paulo não havia conseguido dar um basta aos atentados, rebeliões e outras manifestações de violência.
Rebeliões
Nos presídios, a situação piorou vertiginosamente na visita do Dia das Mães.
Enquanto no sábado foram contabilizadas 24 rebeliões, sem mortes, hoje presos e presas se amotinaram em 69 dos 105 presídios de regime fechado. Foram feitos reféns mais de 300 funcionários, além de visitantes.
Acrescentaram-se a esse quadro caótico, rebeliões nas unidades Tatuapé e Vila Maria da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), que foram controladas até o início da noite.
O governo estadual argumenta que a polícia partiu para o contra-ataque e teria matado até 19 bandidos no estado nas últimas 24 horas.
Além disso, prendeu 60 suspeitos de participar dos crimes. "Estamos recuperando o total controle da cidade e do estado", disse o governador Cláudio Lembo (PFL).