Em Curitiba, pelo menos quatro locais próximos a universidades estão sofrendo com a violência e assaltos. No bairro Novo Mundo, são comuns os roubos de carros e assaltos a estudantes das Faculdades Santa Cruz; o mesmo problema ocorre no entorno do prédio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no centro da cidade. Já os alunos do UnicenP, no Campo Comprido, enfrentam a violência no terminal rodoviário do bairro. No Prado Velho, nas proximidades da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), não são raras as histórias de comerciantes que ficaram sob a mira do revólver.
Segundo o departamento de Marketing da Santa Cruz, no Novo Mundo, são comuns os relatos de alunos assaltados ou que tiveram o carro roubado na região. "Sei de um carro que teve os quatro pneus roubados", revelou o acadêmico de Informática Diego Borba, que já se acostumou a enfrentar o perigo diário. "É só não dar bobeira. Tem de olhar bem para os lados e ver se não tem ninguém por perto", aconselha.
Os ataques a veículos foram tantos que a faculdade passou a oferecer um estacionamento no câmpus central. Como não há espaço para todos, a saída foi contratar vigias.
Um dos problemas está no caminho para o terminal do Capão Raso, o segundo mais movimentado da cidade, com cerca de 113 mil passageiros por dia. "Sei de estudantes que foram assaltados e ameaçados com faca", conta Borba. O Comando de Policiamento da Capital (CPC), da Polícia Militar, diz desconhecer a situação e recomenda que a população entre em contato com a viatura do Projeto Povo no Novo Mundo pelo telefone 9925-5034.
No ônibus
A presença do Centro Universitário Positivo (UnicenP) não chegou a incrementar o comércio na região do Campo Comprido, mas contribuiu para melhorar a infra-estrutura viária na região. Até uma linha de ônibus foi criada para ligar o câmpus, onde estudam cerca de 10 mil pessoas, ao terminal rodoviário do bairro. E é nesta linha que alguns estudantes enfrentam sua cota diária de medo.
"Já vi um assalto dentro do ônibus", recorda a acadêmica de Direito Michele Sayuri. "O assaltante pegou o ônibus por volta das 18h40, fora da universidade, e ameaçou o cobrador com um revólver. Dá medo, procuro nem pensar", conta Michele, que procura esquecer o que viu.
O temor continua no terminal, já que a maior parte dos estudantes (pelo menos 6 mil deles) freqüenta as aulas à noite. O ponto crítico é a passagem subterrânea que une os dois lados do terminal. "Há duas semanas, vi um menino que entrou na passagem e saiu do outro lado sem o tênis", disse uma funcionária da UnicenP que se identificou apenas como Joice.
A Polícia Militar, que mantém um serviço especial no transporte coletivo, informou que não recebeu nenhuma solicitação para atender terminais nos últimos três meses. Segundo a Urbs, empresa que gerencia o transporte em Curitiba, o maior movimento no terminal do Campo Comprido é registrado após as 22h30. Cerca de 38,5 mil pessoas passam todos os dias pelo terminal.