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Manifestação Cantor do Detonautas comanda "contagem de corpos"

Rio de Janeiro – A cidade indignada com a violência que não suporta mais contou ontem seus mortos, numa manifestação liderada pelo vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz.

Pessoas se vestiram com sacos pretos e deitaram nas escadarias da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, num ato chamado de "Contagem de Corpos".

Segundo Santa Cruz, que perdeu o amigo Netinho, da mesma banda, assassinado por assaltantes , a população precisa tomar consciência de que é se movimentando que vai conseguir mudar alguma coisa.

"Infelizmente as pessoas sofrem as conseqüências na pele e acabam aderindo por isso. Só espero que não seja preciso que todos sofram essas conseqüências para que alguma coisa mude", diz o músico.

O cartunista André Dahmer, criador do site Rio Body Count, que contabiliza o número de mortes violentas ocorridas no Rio, alerta: "A violência não será contida por esse Estado truculento que fizemos para nós. A paz vai se fazer com uma contrapartida, que é gerar oportunidade. O garoto de 10 anos tá lá na Maré soltando pipa. Alguém vai buscar os serviços dele. Paz pela paz não é presente de Papai Noel. Os cariocas não vão ganhar a paz de Natal. A gente precisa mudar o foco da discussão."

Rio de Janeiro – Criminosos voltaram a atacar policiais militares no Rio, ontem. Por volta das 7 horas, atiraram contra policiais que passavam de moto pela Linha Vermelha. Ninguém ficou ferido. Desde o dia 8 de março, 12 PMs foram assassinados. Segundo policiais do Batalhão de Policiamento Rodoviário, os tiros foram disparados por traficantes de uma favela. Informações preliminares revelavam que a via teria ficado quatro minutos fechada. De acordo com a polícia, o fato não atrapalhou o trânsito.

Dos 12 PMs mortos desde a semana passada, 5 estavam em serviço, 4 de folga e 3 estavam à paisana. A Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) instaurou uma CPI para apurar as mortes de policiais no estado. A comissão será presidida pelo deputado Coronel Jairo (PSC). Ele pretende ouvir depoimentos de parentes dos policiais mortos e de representantes de sindicatos. O relatório deve ser encaminhado às autoridades de Segurança Pública do Estado. "Estamos vivendo uma fase dramática, de mortes em série", disse o deputado Paulo Ramos (PDT).

Sem ligação

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ubiratan Ângelo, negou que policiais militares estejam sendo alvos de uma onda de ataques de criminosos.

Segundo ele, os últimos casos de policiais assassinados no Rio não têm ligações entre si.

Após uma reunião com comandantes de batalhões de toda a região metropolitana, ele anunciou que grupos de policiais estudarão os últimos casos e devem apresentar uma conclusão no prazo de duas semanas. Na próxima terça-feira, às 8 horas, na Igreja da Candelária, será celebrada uma missa em homenagem a todos os policiais militares mortos neste ano.

A última vítima foi o terceiro-sargento Aílton Lima de Fonseca, lotado no 14.º BPM (Bangu). Ele foi baleado na noite de quinta-feira em operação na Favela da Metral. Fonseca levou um tiro de fuzil na cabeça, foi socorrido, mas morreu no hospital.

As polícias Civil e Militar fizeram operações para caçar assassinos de policiais na favela de Vigário Geral e no Jacarezinho. No início da semana, o Clube dos Soldados e Cabos da PM iniciou uma campanha com recompensa de R$ 2 mil para quem denunciar matadores de PMs. Desde o início de 2007, 31 policiais foram assassinados.

Também ontem foi preso um suspeito de envolvimento nos assassinatos de policiais militares em Cordovil. Leandro Silva da Cruz, de 22 anos, conhecido como Lelei, foi detido ao tentar fugir da favela do Jacaré, durante uma operação de delegacias especiais.

A polícia também está em busca de Daniel de Souza Soares, que seria parceiro de Cruz nos roubos de carros usados pelos traficantes.

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