Determinação
Reitora diz que não há condições de atender a Justiça
Juliana Gonçalves, do JL
A reitora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Nádina Moreno, comentou as decisões judiciais que determinaram a contratação de mais profissionais para o Hospital Universitário (HU) e a realização de melhorias estruturais no prédio. Segundo ela, as expectativas de atender à determinação não são muito boas porque a UEL não tem condições de atender toda a demanda.
"Nos angustia muito, porque nós podemos ir até determinado ponto. A partir daí, é o Estado, que também só vai até determinado ponto", ponderou. Segundo ela, a demanda do HU é muito grande e a universidade não tem condições de atendê-la. "Temos 40 leitos na emergência e na semana passada estávamos com 127 pacientes por causa da paralisação do Zona Norte e Zona Sul.".
Os gastos para atender esses 87 pacientes excedentes são, segundo Nádina, pagos com recursos próprios. "Com isso, a gente deixa de investir em obras para fazer esse custeio", explicou.
A reitora contou ainda que a previsão para o quadro de servidores nos próximos anos aumenta ainda mais a preocupação. Dentro de quatro anos, cerca de 700 servidores em atividade no HU devem se aposentar. Hoje, para amenizar a deficiência no quadro, o hospital precisa de cerca de 220 novos profissionais.
O Hospital Universitário (HU) de Londrina vive uma crise por causa do déficit de funcionários, da falta de recursos financeiros e de problemas estruturais. "A crise está em todos os setores, mas nunca nos deparamos com uma situação como esta, de quase abandono do Estado com relação ao HU", declarou o promotor local de Direitos Constitucionais, Paulo Tavares.
A unidade hospitalar, a maior do Norte do Paraná, tem 2,1 mil trabalhadores, mas precisaria ter mais 220; ainda não recebeu os R$ 6 milhões prometidos, em 2013, pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), um "socorro" para a compra de material de consumo e pagamento de serviços terceirizados; e há, ainda, a necessidade de reforma, manutenção e ampliação em vários setores.
Duas ações judiciais protocoladas pela promotoria de Tavares foram julgadas procedentes pelo juiz da 1.ª Vara de Fazenda Pública de Londrina, Marcos José Vieira, uma delas determinando ao governo estadual a contratação de mais profissionais para o HU e a outra obrigando a realização de reformas, a resolução de problemas de estrutura física e a manutenção de equipamentos. Como a decisão é de primeiro grau, cabe recurso.
Atrasado
O deputado estadual Tercílio Turini (PPS), que já foi superintendente do HU e é parlamentar da base governista na Assembleia Legislativa do Paraná, admitiu que "tem uma crise e ela é ampla no hospital" por envolver a dificuldade em repor a mão de obra, além das dificuldades financeiras. Ele lembrou que, em novembro de 2013, o governo aprovou na assembleia um remanejamento de R$ 6 milhões para socorrer o HU. Compras já teriam sido feitas pela unidade hospital com base nessa aprovação, apesar de a verba não ter sido ainda repassada, disse.
Dos R$ 6 milhões, R$ 5 milhões são para a compra de material de consumo, que vão desde artigos de limpeza até insumos para a Unidade de Terapia Intensiva. Dessa verba, 85% já foi gasta, segundo Turini. O restante, R$ 1 milhão, seria para o pagamento de serviços de terceiros. "Recebi uma mensagem da direção do hospital informando que quase tudo foi investido, mas a Secretaria da Fazenda ainda não repassou os recursos. Hoje muita gente se nega a prestar serviço ao HU", informa. A não liberação dos recursos está dentro do contexto da crise financeira que vive o Paraná.
A superintendente do HU, Margarida Carvalho, disse que está "aguardando" a liberação dos recursos e que tem mantido contato "duas ou três vezes por semana" para acompanhar a liberação dele. "Estamos esperando também a abertura do orçamento do governo para 2014 e temos a palavra de que os recursos serão liberados."
A Secretaria Estadual de Saúde informou que os recursos já foram empenhados e que a liberação está garantida, mas depende da organização que a Secretaria de Estado da Fazenda.
Falta de servidores é problema antigo
O déficit de funcionários no Hospital Universitário (HU) de Londrina, calculado em 10%, é considerado "complicado" pela superintendente da unidade, Margarida Carvalho. "Em qualquer serviço de saúde, a falta de mão de obra é um problema." Segundo ela, o HU trabalha permanentemente com 100% da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupada, quando o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 80%. Na UTI neonatal a ocupação média é de 120%.
Sentença
A sentença proferida pelo juiz da 1.ª Vara da Fazenda Pública de Londrina, Marcos José Vieira, determina que o HU contrate 63 enfermeiros e 61 técnicos de enfermagem, o que preencheria 56% do déficit de mão de obra. Cabe recurso da decisão.
O diretor do Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UEL (Assuel), Adão Brasilino, disse que a entidade tem denunciado o problema "há tempos". "A demanda é bem antiga."
Com base num planejamento estratégico para os próximos 20 anos, a direção do HU disse considerar necessária a contratação de mais 1,8 mil servidores para fazer frente à demanda e a novos serviços que seriam implantados no período.
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