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Crise da água chega a Minas Gerais

Reservatório da Catareira, em São Paulo, está nos níveis mínimos | Stringer/Brazil/Reuters
Reservatório da Catareira, em São Paulo, está nos níveis mínimos (Foto: Stringer/Brazil/Reuters)

A crise hídrica que tem restringido o acesso à água no estado de São Paulo e afeta inclusive o Rio de Janeiro, embora com menos força, chegou também a Minas Gerais. Se a chuva no primeiro semestre de 2015 for escassa como no mesmo período de 2014, os reservatórios que abastecem a maior parte da região metropolitana de Belo Horizonte estarão completamente vazios até meados do ano. O alerta foi dado ontem pela direção da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) em audiência pública na Assembleia Legislativa.

Os três reservatórios do sistema Paraopeba estão neste momento com 29,88% da capacidade, o que, segundo o diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, é uma situação "gravíssima". "Se tivermos em 2015 a mesma precipitação que aconteceu em 2014, nós vamos entrar em colapso no sistema Paraopeba até julho ou agosto. Os reservatórios serão esvaziados totalmente", declarou. A Copasa já adotou as primeiras medidas legais para iniciar um racionamento e cobrança de sobretaxa pelo uso da água no estado.

Perilli afirmou ainda que, quando a nova direção assumiu a empresa no último dia 16, já havia na Copasa relatórios internos mostrando a "rápida deterioração do volume" dos reservatórios e o "quase colapso" do sistema. "As informações estavam na Copasa desde sempre." Para o vice-presidente da empresa, Antônio César Pires de Miranda Júnior, o problema já "deveria ter sido tratado há anos". "A Copasa tem um corpo técnico brilhante. Houve um erro. Talvez por diretrizes políticas, ações não foram adotadas há dois ou três anos."

Disputa

Desde 2003, o estado era governado pelo PSDB, mas o candidato do governo, o ex-ministro tucano Pimenta da Veiga, foi derrotado no primeiro turno das eleições de outubro pelo atual governador, Fernando Pimentel (PT). Para os aliados das gestões anteriores, porém, não houve "negligência". "Em 2012 tive a felicidade de participar de uma audiência pública que estava discutindo a PPP do rio Manso, que hoje é uma das principais soluções apresentadas", disse o deputado estadual Duarte Bechir (PSD).

Ele se referia à parceria público-privada que prevê captação no Rio Paraopeba para abastecimento do reservatório Rio Manso. O projeto, orçado em R$ 693 milhões, foi iniciado na gestão passada, que, como lembrou a atual oposição ao governo, foi criticado por integrantes do próprio PT. "Houve negligência durante pelo menos 12 anos. Precisamos agir com rapidez agora. Parceria público-privada não é o melhor. Mas, se tem emergência e o projeto está posto, temos que analisá-lo. Evidentemente não vamos parar o processo no meio", observou o deputado estadual Rogério Correia (PT).

Governador pede recursos ao governo federal

Folhapress

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), pediu ontem ajuda ao governo federal para enfrentar a crise hídrica. Ele classificou a situação como crítica e disse que, se não houver redução no consumo em até 30%, o estado poderá enfrentar "grave racionamento".

Segundo Pimentel, o governo federal garantiu ajudar na obra emergencial de aumento de capacidade de captação do sistema metropolitano de Belo Horizonte, com cerca de 5,5 milhões de pessoas. A obra irá aumentar a capacidade de captação na bacia do rio Paraopeba para um dos reservatórios mais importantes da região, o rio Manso. O objetivo é aumentar a capacidade de captação para 4 a 5 metros cúbicos por segundo.

O governo mineiro prometeu apresentar a proposta do projeto até o fim de fevereiro. Segundo Pimentel, o valor ainda será definido mas deve ficar abaixo de R$ 1 bilhão.

Pimentel se reuniu com a presidente Dilma Rousseff ontem no Palácio do Planalto. "O apoio foi garantido pela presidente", disse Pimentel. O governador reconheceu que a obra só ficará pronta em novembro e pediu que a população ajude na redução do consumo de água em até 30%.

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