Na década de 90, a Bilhares Norte Sul, uma das 70 fábricas de mesas de sinuca de Jaguapitã, Noroeste do Paraná, chegou a fabricar mil mesas em um ano. Desde 2003, não faz nenhuma. Reduziu o número de funcionários de 40 para 15 e resume seu trabalho à manutenção e à cobrança do aluguel das mesas que tem instaladas em bares do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A situação não é diferente na Bilhares Sul Brasil, que encolheu de 15 para 6 funcionários em três anos, e na Bilhares Carneiro, que passou de dez para cinco. "O negócio já não é tão bom como foi e pode estar em decadência", afirma Josivan Tomaz, dono da Norte Sul. "Tem muito empresário pensando em mudar de ramo." Será o início do fim de uma atividade que mudou o perfil econômico e deu notoriedade nacional à pequena Jaguapitã?
Para a prefeitura da cidade e para a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), que tentam organizar um Arranjo Produtivo Local (APL), a resposta é não. "As empresas estão passando por um momento difícil, é verdade, mas esta pode ser a hora de buscar a união e ser criativo", afirma Carlos Augusto Faria, chefe de gabinete do prefeito Luiz Carlos Trapp. Jaguapitã é um dos 69 municípios que participam, na próxima quinta-feira, em Maringá, da terceira etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, iniciativa da Rede Paranaense de Comunicação (RPC)/Gazeta do Povo que tem como objetivo elaborar um plano de desenvolvimento para o estado.
A primeira empresa da área a ser aberta em Jaguapitã foi a Cruz Vieira, em 1969. Foi criada por dois representantes comerciais, Levir Vieira e Nestor Ananias da Cruz. Nas viagens pelo estado, viram nas mesas de bilhar uma oportunidade de negócio. O sucesso do empreendimento logo atraiu mais gente e novas empresas foram surgindo. Hoje são 70, dão emprego para cerca de 700 pessoas e transformaram Jaguapitã na capital nacional do bilhar. Há 30 mil mesas fabricadas no município em bares de todo o país.
A expansão, que movimenta a economia local, no entanto, também pode ser a causa dos problemas atuais. "Há muito aventureiro no negócio, competindo com empresas sérias", queixa-se Laírton Bortolassi, dono da Bilhares Sul Brasil. O faturamento das empresas vem da venda das fichas para partidas de sinuca. Metade do dinheiro fica para o dono do bar e a outra metade, para a fábrica. O problema, segundo Bortolassi, é a concorrência de empresas informais, que estão pagando até 70% para o dono do bar e pressionando o preço da ficha para baixo, que há cinco anos é, em média, de R$ 0,50. "É difícil competir com quem não paga imposto", diz ele.
Roberto Vieira, filho de um dos fundadores da Cruz Vieira e hoje diretor da empresa, calcula as dificuldades do setor de outra maneira. Até os anos 80, o investimento na fabricação de uma mesa se pagava em três meses. Hoje, leva, no mínimo, um ano. Vieira, que tem 25 empregados, fabrica cerca de 300 mesas por ano. "A rentabilidade diminuiu muito, mas a solução dos problemas não virá sozinha", diz ele. "Os empresários terão que se unir e buscar, juntos, uma saída."
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