As irregularidades investigadas no ingresso de alunos cotistas na Universidade Estadual de Maringá (UEM) abriram a discussão sobre os critérios adotados pelas instituições paranaenses que usam reserva de vagas. Uma comissão interna da UEM constatou que alunos ricos foram beneficiados com vagas destinadas a estudantes pobres. Entre as principais instituições, a UEM é a única que usa a renda para definir a entrada dos alunos, mesmo assim, instituições como Univer­sidade Federal do Paraná (UFPR) e algumas estaduais, que adotam cotas destinadas para alunos negros, enfrentam outros problemas para evitar que vagas destinadas a cotistas sejam ocupadas por alunos fora do critério de raça.

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As bancas de constatação são a forma mais comum para enquadrar ou não os alunos dentro das cotas de afrodescendentes. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), por exemplo, mantém comissão permanente de avaliação da política de inclusão iniciada em 2007. Segundo a pró-reitora de graduação da universidade, Graciete Tozetto Góes, várias adaptações se fizeram necessárias ao longo dos anos para deixar mais transparente o processo. "O primeiro cuidado foi deixar claro que o cotista precisa ser negro, precisa ter traço de cor e características de raça. O critério é físico e não de descendência", explicou ela, ao lembrar que al­guns candidatos alegam que têm pais ou avós negros, e por isso teriam direito.

Ela conta que outras formas já foram pensadas e descartadas. "Já pensamos em pedir que enviem fotos (para evitar a banca), mas isso é facilmente manipulável. Qualquer metodologia nunca será perfeita", disse Graciete, ao explicar a necessidade de reavaliações periódicas do sistema.

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A inclusão da comunidade ne­­gra no processo também se mostrou como método eficaz de seleção. "As bancas são formadas por pessoas do movimento negro e da universidade, mas estamos sempre rediscutindo o tema, pois quan­­to mais critérios, menos espaço para subjetividade", explicou a coordenadora de Políticas Ino­­vadoras na Graduação (Cepigrad) da UFPR, Laura Ceretta Moreira.

Usam critério de cor no Paraná, a Universidade Estadual de Lon­­drina (UEL), UEPG e Universidade Estadual do Oeste (Unio­­este). A Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) destina 20% das vagas para estudantes de escola pública e a UEM adota critério de renda familiar.