Sindicância em hospitais

A Secretaria Municipal de Saúde confirmou nesta terça-feira (26) o nome dos hospitais que passarão pela auditoria que vai verificar o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em Curitiba.

São eles: Hospital de Clínicas, Evangélico, Trabalhador, Cruz Vermelha, Cajuru, Santa Casa, São Vicente, Erasto Gaertner, a maternidade Mater Dei e o hospital pediátrico Pequeno Príncipe. A auditoria já havia sido divulgada pelo secretário municipal de saúde, Adriano Massuda, no início deste mês.

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O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) informou nesta terça-feira (26) que a sindicância interna que apura a conduta dos profissionais médicos da UTI geral do Hospital Evangélico está em "fase avançada de análise dos autos, seguindo critérios técnicos, éticos e científicos". A nota assinada pelo presidente da entidade, Alexandre Gustavo Bley, diz ainda que o relatório final, que poderá ou não caracterizar indício de infração ao Código de Ética Médica, será entregue às autoridades competentes.

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"Como órgão disciplinador, o CRM-PR tem tomado todo o cuidado e concentrado seus esforços na análise dos autos, evitando pronunciamentos midiáticos. Deste modo, evita pré-julgamento e respeita como um todo a sociedade, que hoje clama por uma decisão isenta e não por um clima sensacionalista que só gera incertezas e confunde a opinião pública", afirma a nota.

Em ação criminal que tramita na 2ª Vara do Tribunal do Júri, o Ministério Público (MP) do Paraná acusa oito profissionais de terem formado uma quadrilha, a qual atuou no homicídio de oito pessoas na UTI geral do Hospital Evangélico. Entre elas está a ex-chefe da UTI, Virginia Helena Soares de Souza, que ficou presa preventivamente por um mês, desde 19 de fevereiro, quando veio à tona a investigação conduzida pela Polícia Civil. Na segunda-feira, o MP recorreu da decisão que libertou Virginia. O caso ainda está sob análise do juiz da 2ª Vara do Júri, Daniel Surdi de Avelar.

Intensivista

O presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), José Mario Teles, também divulgou nota nesta terça dizendo que a opção da entidade por não comentar o caso do Hospital Evangélico "não é corporativismo, é ser ético". "Queremos a verdade tanto quanto a população. A doutora Virgínia Helena Soares de Souza não é intensivista titulada, tampouco associada da entidade; é uma médica que está sendo acusada de crimes graves e que precisam ser rapidamente esclarecidos", diz a nota.

Prontuários ainda estão sob análise

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A sindicância criada pelos órgãos públicos de saúde, que auxiliou na remodelagem da nova UTI do Hospital Evangélico, continua analisando os prontuários de pacientes internados desde 2006, quando a médica Virginia Helena Soares de Souza assumiu o comando da unidade. Da análise dos anos de 2011 e 2012 foram identificados 300 prontuários que necessitam de uma análise mais aprofundada.

O Ministério Público (MP) do Paraná esclareceu que a investigação sobre outras mortes suspeitas e a eventual participação de outras pessoas em condutas criminosas ainda depende de novos inquéritos, que serão conduzidos pelo Núcleo de Combate aos Crimes contra a Saúde Pública (Nucrisa). Isso terá início assim que seja remetida uma cópia dos autos da ação penal.

A decisão de solicitar novas investigações foi anunciada ainda em 11 de março, e o MP negou nesta terça que haja novos elementos contra quaisquer funcionários ou pessoas da diretoria do Hospital Evangélico. Naquela ocasião, o MP informou que havia pelo menos outras 21 mortes suspeitas, que seguiam o mesmo padrão daquelas sete relatadas na ação penal que tramita na 2ª Vara do Júri. A acusação do MP atesta que os profissionais acusados, sob o comando de Virginia, prescreviam medicamentos bloqueadores neuromusculares, associados a sedativos e analgésicos, e depois reduziam os parâmetros de oxigênio nos respiradores dos pacientes. Isso os levava à morte por asfixia.

O MP ressaltou ainda que todos os casos investigados caracterizam homicídios, e que não há nenhum sinal de prática de ortotanásia – suspensão do tratamento do paciente para que ele morra de forma mais confortável, com o consentimento do próprio ou do familiar. Outro lado

O advogado da médica Virginia, Elias Mattar Assad, tem reiterado que todas as condutas médicas praticadas na UTI do Evangélico estavam de acordo com os preceitos médicos. Ele disse ainda que não há elementos que justifiquem o retorno da médica à prisão.

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