O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) entregou nesta terça-feira (7) uma notificação indicando que pode interditar as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) cardíaca, pediátrica e neonatal do Hospital de Clínicas, em Curitiba. Será dado o prazo de 120 dias para que a instituição ofereça as condições adequadas para o trabalho. Se a situação não melhorar neste período, o CRM vai determinar que os médicos não atuem nos setores, o que configuraria uma “interdição ética” desses espaços.
A medida visa cobrar melhorias estruturais para que os médicos consigam desempenhar suas funções, como fornecimento de insumos e medicamentos, e também a ampliação de leitos. “ Faltam aparelhos para exames mais céleres, remédios e até material básico, como soro e gaze. Falta estrutura para trabalhar. A questão não é que falta qualidade. Se após esse prazo a situação não melhorar, o CRM-PR determina que o serviço médico não será feito pois oferece risco aos pacientes”, afirma o presidente do CRM-PR, Luiz Ernesto Pujol. A dificuldade de ter insumos tem se tornado uma realidade desde o começo deste ano.
Segundo o presidente do CRM, as condições precários podem causar dano irreparável aos pacientes. “Temos que cobrar as instâncias superiores para que a situação se reverta. É preciso conscientização política da importância da saúde pública”, ressalta Pujol.
O indicativo é uma espécie de alerta ao hospital e a cada 20 dias fiscais do Conselho vão analisar o andamento das melhorias das instalações e as condições de trabalho nas UTIs do maior hospital público do Paraná. Outros setores da instituição também estão sob análise do CRM-PR, mas no momento não são alvos do indicativo de interdição. A notificação foi feita aos gestores públicos do hospital, Ministério Público Federal, secretarias Estadual e Municipal de Saúde e UFPR.
Atualmente, o hospital conta com 11 leitos de UTI Neonatal, oito de UTI Pediátrica e também oito leitos de unidade Cardíaca. “O Hospital de Clínicas tem capacidade de abrir mais leitos. Temos que cobrar para que isso se concretize”, afirma Pujol. O hospital teria condições estruturais de ter mais quatro leitos cardíacos e pediátricos e 15 neonatais.
Dificuldade financeira
O diretor do HC, Flávio Tomasich, confirma que o hospital enfrenta dificuldades financeiras e de que há condições para a abertura de novos leitos, mas que isso depende da contratação de outros funcionários. Não há previsão para chamar os 1,2 mil servidores via Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) aprovados em concurso público.
“É público e notório que o hospital enfrenta dificuldades financeiras. Estamos trabalhando e lutando para melhorar a situação. O que precisamos resolver de forma mais imediata é a questão do nosso estoque de insumos”, afirma. O HC atua com uma defasagem mensal de 40% para manter atividades de assistência à saúde e ensino. O estabelecimento recebe um total R$ 8 milhões por mês para custear essas atividades. Atualmente, segundo a direção do HC, faltam perto de R$ 3,2 milhões mensais.
O hospital deflagrou em maio a campanha “Anjos pela Vida” na tentativa de arrecadar fundos junto à sociedade.
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