149 estrangeiros finalizaram a inscrição e tiveram seus documentos aprovados pelo governo na segunda rodada do Mais Médicos. Isso representa menos de 10% dos médicos formados no exterior que se pré-inscreveram, sendo que 44 são brasileiros e os demais vêm de 11 países.
Havia 1.602 médicos formados fora do Brasil pré-inscritos nesta rodada.
O ministério também confirmou a vinda de mais uma leva 2 mil profissionais de Cuba em outubro. Os médicos cubanos e os formados no exterior outras nacionalidades começarão o curso de acolhimento no dia 7 de outubro. O Mais Médicos supriu até aqui pouco menos de 25% das vagas demandadas.
Pressão
Ministro diz que não aceitará postergações da MP do programa
Sem acordo no Congresso para a aprovação da medida provisória (MP) que criou o Mais Médicos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ontem que o governo não vai aceitar postergações que impeçam a análise da MP que perde a validade no dia 5 de novembro.
Padilha disse que o Legislativo vai concluir "a tempo" o processo de votação da MP, que precisa ser aprovada na comissão mista que deve analisar o tema hoje, depois de ter adiado a análise na noite de ontem.
A oposição é contra a aprovação da MP e acusa o presidente da comissão de manobrar para impedir maior discussão sobre a matéria.
Boleto bancário
Antes mesmo de terem certeza de que seria concedido o registro provisório, os médicos formados no exterior e que vão atuar no Mais Médicos receberam um boleto para pagamento da anuidade do CRM-PR. A correspondência surpreendeu alguns dos participantes do programa, que esperavam a cobrança apenas depois da emissão do registro. De acordo com o CRM-PR, primeiro é feita a cobrança da anuidade e depois é concedido o registro.
Em protesto contra o programa Mais Médicos, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Alexandre Bley, renunciou ao cargo ontem. De acordo com nota do CRM-PR, a atitude foi tomada para que o dirigente não se visse obrigado a assinar os registros provisórios dos médicos formados no exterior que vão atuar no estado. Ontem, na primeira leva, oito registros foram concedidos. Entre o fim desta semana e a próxima segunda-feira, de acordo com a assessoria do CRM-PR, outros 12 serão liberados.
"Confesso que prefiro a vergonha da renúncia a ter que conviver com a vergonha de ter traído a minha consciência", escreveu Bley em sua carta de renúncia apresentada durante a reunião plenária do conselho. O médico Maurício Marcondes Ribas assumiu a presidência do órgão.
A direção do CRM-PR vinha alegando que havia inconsistências na documentação enviada pelo Ministério da Saúde para solicitar os registros dos profissionais e por isso ainda não havia atendido aos pedidos. O posicionamento persiste, mas agora a direção da entidade alega que caberá ao governo federal a responsabilidade pela legitimidade da documentação.
Procurado ontem pela reportagem, o Conselho Federal de Medicina (CFM) não se pronunciou sobre a renúncia do presidente do CRM-PR. Na última sexta-feira, o CFM divulgou nota em que orientava os conselhos regionais a liberar o registro provisório dos profissionais estrangeiros que vão atuar dentro do Mais Médicos.
Atraso
Pelo cronograma inicial do programa, os médicos intercambistas deveriam ter começado a trabalhar nos municípios na última segunda-feira. No entanto, no início da semana, apenas 86 registros em todo o país haviam sido concedidos. O CFM culpa o governo pela situação. Segundo o órgão, o ministério demorou a enviar aos conselhos regionais os pedidos de registros dos profissionais. Pela medida provisória do Mais Médicos, os CRMs têm até 15 dias, a partir do momento da solicitação do registro, para conceder o documento.
No Paraná, ainda faltam ser solicitados os registros de seis médicos para completar o pedido do documento para os 30 profissionais que vão atuar no estado. De acordo com o CRM-PR, até o início da semana que vem serão liberados os registros de médicos estrangeiros que vão atender em Curitiba, Pinhais, Araucária, Arapongas, Iguaraçu, Capanema, Campo Largo, Piraquara, Contenda, Mandaguari e São Miguel do Iguaçu.
As documentações dos 20 profissionais que vão clinicar nessas cidades foram as primeira a chegar ao conselho. No início de outubro, serão liberados os registros de outros quatro médicos que já estão com a documentação em análise no CRM.
Almirante Tamandaré dispensa "importado"
A prefeitura de Almirante Tamandaré dispensou o médico estrangeiro que havia sido designado para atuar no município da Região Metropolitana de Curitiba. Segundo o secretário de Saúde da cidade, Antonio Todeschi (Tonhão da Saúde), pesou na decisão a questão do custo que a administração municipal teria para bancar casa e alimentação do profissional. Despesa, segundo ele, que não haverá no caso dos médicos brasileiros. Na primeira etapa do programa, foram destinados dois médicos formados no Brasil para Almirante Tamandaré. Na segunda etapa, serão mais dois profissionais.
Quem se beneficiou com a desistência foi a prefeitura da Lapa. O município, que inicialmente não receberia nenhum profissional dentro do Mais Médicos, ficou com a médica estrangeira dispensada por Almirante Tamandaré.
A secretária de Saúde da Lapa, Lígia Cardieri, conta que na semana passada, durante a semana de acolhimento dos intercambistas, ficou sabendo que havia um médico sobrando e entrou em contato com a profissional. De acordo com Lígia, a troca foi homologada pelo Ministério da Saúde.
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