A médica Ramona Matos, uma dos 7.400 médicos cubanos participantes do programa Mais Médicos se refugiou na terça-feira (4) à noite no Congresso à espera de asilo, informaram nesta quarta-feira (5) fontes oficiais.

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Ramona passou a noite na sede do gabinete do DEM na Câmara dos Deputados e permanecerá no Congresso por um prazo indeterminado devido já que corre o risco de ser detida e deportada, disse um porta-voz do partido.

"A médica estava desde outubro passado em Pacajá (PA) e conseguiu fugir no sábado passado porque já era vigiada pela polícia por suas críticas às condições financeiras nas quais tinha que trabalhar", afirmou um porta-voz de Ronaldo Caiado, deputado do DEM na Câmara.

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Segundo a fonte, a profissional cubana buscou a ajuda de Caiado já que o deputado havia denunciado no ano passado que o acordo com Cuba submeteria os médicos cubanos a condições análogas à escravidão e que, por essa razão, ofereceria apoio a todos os que quisessem desertar e solicitar asilo no Brasil.

A médica diz ter sido enganada pelo governo cubano, já que recebe US$ 400 pelo trabalho no Brasil apesar do acordo entre os dois governos prevê o pagamento de R$ 10 mil mensais por cada profissional.

Segundo Ramona, o governo cubano lhe informou que outros US$ 600 serão depositados mensalmente em uma conta em Cuba, mas só poderá reclamá-los no final dos três anos do contrato.

A médica também denunciou à Câmara dos Deputados que o governo cubano a enganou ao prometer que poderia trazer temporariamente sua família ao país e disse que vivia melhor com US$ 200 mensais na Bolívia do que com US$ 400 no Brasil, que considerou um país muito caro.

Caiado anunciou que Ramona poderá continuar por tempo indeterminado nos gabinetes do DEM na Câmara, onde nem a Polícia Federal brasileira nem as autoridades cubanas têm jurisdição.

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O deputado denunciou as difíceis condições a que seriam submetidos os médicos cubanos que chegaram ao país nos últimos seis meses.

O caso será analisado amanhã em reuniões com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e com o Ministério Público para poder iniciar imediatamente as gestões para a solicitação do asilo.

Caiado apresentou ao Congresso o contrato que a médica assinou com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos para trabalhar no Brasil, o que, na sua opinião, demonstra que o governo brasileiro mentiu ao anunciar que os profissionais ilhéus foram contratados mediante um acordo no marco da Organização Pan-Americana da Saúde (OPS).

A fonte disse igualmente que a cubana denunciou que seu telefone em Pacajá estava grampeado pela polícia, que a proibiu de sair da cidade, que era vigiada e que alguns policiais chegaram a buscá-la no posto médico quando se inteiraram de sua intenção.

Ramona relatou que seu marido vive nos Estados Unidos e assegurou que teme ser detida se voltar a Cuba e que sua filha, que continua na ilha, sofra represálias.

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O programa "Mais Médicos" conta atualmente com cerca de 9 mil profissionais distribuídos em 2.166 cidades e 28 distritos indígenas, nos quais prestam atendimento a 23 milhões de pessoas.

O "Mais Médicos" foi criado em resposta aos protestos grandes que ocorreram em centenas de cidades de todo o país em junho passado em demanda de melhores serviços públicos.