São Paulo A suspensão dos vôos no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), entre a noite de segunda-feira e a manhã de ontem, provocou um efeito cascata, com filas e transtornos aos passageiros em outros terminais do país. O fechamento foi provocado pela neblina. O mesmo aconteceu no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS). As operações no terminal ficaram suspensas do início da manhã até as 11 horas.
Com isso, o aeroporto registrou o maior porcentual de atrasos até as 18 horas 45,6% dos 57 vôos tiveram atrasos superiores a uma hora. Na seqüência do ranking de atrasos apareceu o aeroporto do Recife, com 33,9% dos 53 pousos e decolagens atrasados.
Já o aeroporto de Cumbica registrou 16,5% de atrasos com mais de uma hora, de acordo com a Infraero. Foram 139 vôos no período e 23 deles tiveram atrasos de mais de uma hora. O Aeroporto de Congonhas, que abre às 6 horas, registrou 8% de atrasos nos 212 vôos programados até as 18 horas.
O governo afirma que os novos atrasos são resultado das condições meteorológicas, ao contrário da última crise do setor aéreo, no fim de junho, quando a Aeronáutica atribuiu os problemas aos controladores de tráfego aéreo, afastou profissionais do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta-1), com sede em Brasília, e anunciou medidas para controlar a situação.
Espera
Ontem, no Afonso Pena, alguns passageiros esperaram até três horas para embarcar. Rosa Maria Mora, irmã da congregação Servas dos Pobres, fazia companhia à amiga Amélia Duarte, cujo vôo para Guarulhos atrasou em duas horas e meia. "Tenho de pegar um vôo para a Itália em Guarulhos. Só espero que esse não atrase também", disse ela.
Na segunda-feira, Rosa já havia esperado quase cinco horas por amigos que vinham de São Paulo para Curitiba. "Não dá para ir para casa e depois retornar, porque você fica na expectativa. Ontem (segunda-feira) gastei quase R$ 40 em alimentação aqui no aeroporto. Se fosse uma coisa esporádica, a gente até aceitava, mas é um problema nacional, que prejudica todo mundo." Prevenida, Rosa já sabe o que vai fazer durante a próxima espera: "Vou trazer o meu crochê."
A servidora Isalete Wagner, que esperava por um vôo para Foz do Iguaçu, tinha um problema a mais: ela havia feito uma cirurgia de varizes há nove dias e precisava ficar com as pernas elevadas o tempo todo. "Vou até sugerir uma poltrona diferente para a Infraero, que dê para a gente apoiar melhor as pernas." Isalete comprou uma passagem da companhia Ocean Air para tentar fugir dos atrasos. "Achei que o problema era só com a Gol e a Tam, mas parece que é com todo mundo mesmo", disse.
Já o comerciante Najib Aboultaif, que também esperava pelo vôo para Foz do Iguaçu, enfrentou o atraso acompanhado de suas três filhas. As crianças fariam uma visita a amigos em Foz. "Agora tem que esperar. Fazer o quê?", disse o pai, enquanto cuidava das meninas.
Em Guarulhos, o consultor Rogério Prenholato esperou duas horas e meia para embarcar para Foz do Iguaçu (PR). Apesar disso, agradeceu por ter conseguido viajar porque muitos passageiros nem saíram de Cumbica, lembrou ele. Prenholato está acostumado a fazer esta viagem porque ele mora e trabalha nas duas cidades.
Serviço: Em caso de atrasos ou falta de informações, registre reclamação no Impresso de Sugestão de Reclamação (ISR) no posto da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), dentro do aeroporto. Mais informações: www.anac.gov.br (61) 3905-2665. Gol (www.voegol.com.br e 08002800465); TAM (www.tam.com.br e 08005705700); Varig (www.varig.com.br e 4003-7000); Infraero (www.infraero.gov.br e 0800 727 1234).
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