Seis funcionários da Superintendência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do Paraná foram afastados ontem pela Justiça durante a operação Agro-fantasma, da Polícia Federal (PF). Eles são suspeitos de acobertar o desvio de dinheiro público praticado por servidores da Conab no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal, atrelado ao programa Fome Zero. Entre os afastados está o superintendente regional do órgão no Paraná, Luiz Carlos Vissoci. Onze pessoas foram presas.
A operação cumpriu 37 mandados de busca e apreensão de documentos e 34 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento na delegacia) em 15 municípios do Paraná, Bauru (SP) e Três Lagoas (MS). Os mandados foram expedidos pela 2.ª Vara Criminal da Justiça Federal de Curitiba. Cerca de 200 policiais participaram da ação.
Ao todo, 58 pessoas devem ser indiciadas no processo que será remetido ao Ministério Público Federal. A lista de crimes inclui: apropriação indébita previdenciária, estelionato, quadrilha ou bando, falsidade ideológica, ocultação de documento, peculato doloso, peculato culposo, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação, condescendência criminosa e violação de sigilo funcional.
Os 11 suspeitos presos estão divididos entre a carceragem da Polícia Civil de Guarapuava e a superintendência da PF em Curitiba. Os nomes dos presos não foram divulgados. A PF não tem estimativa do rombo causado pela quadrilha.
Notas fiscais
A investigação começou em 2009 quando a PF percebeu que as notas fiscais do PAA no município de Honório Serpa, no Sudoeste do Paraná, tinham irregularidades. Seguindo a mesma linha de investigação, em 2011 a PF realizou em Guarapuava a Operação Feira Livre.
O delegado da PF em Guarapuava, Maurício Todeschini, informou que a suspeita é de que os envolvidos marcavam produtos "fantasmas" nas notas fiscais do programa. Legumes e frutas típicos das culturas de inverno eram vendidos no verão. A quantidade também era aumentada. "O sujeito entregava dez quilos de melancia e colocava na nota 500 quilos", acrescenta Todeschini. O recurso federal excedente era desviado pelos suspeitos.
O desvio teria ocorrido entre os anos de 2009 e 2013 em 22 unidades do PAA nas cidades de Guarapuava, Foz do Jordão, Honório Serpa, Candói, Ponta Grossa, Irati, Rebouças, Teixeira Soares, Inácio Martins, Fernandes Pinheiro, Itapejara DOeste, Goioxim, Pinhão e Querência do Norte.