Rio e Brasília – Nove civis, dois policiais e sete bandidos mortos. Esse é o saldo da onda de ataques contra ônibus e alvos policiais, ontem, no Rio de Janeiro. As autoridades de segurança do governo do Rio garantem que a ação dos marginais poderia ter tido resultados ainda piores. Dois dias antes, a área de inteligência da Polícia Federal alertou que facções criminosas preparavam uma onda de ataques violentos na cidade. O objetivo era promover um grande banho de sangue às vésperas do ano-novo, no momento em que a cidade recebe milhares de turistas do mundo inteiro. O secretário de Segurança do Rio, Roberto Precioso, afirma que mobilizou forte aparato policial aos pontos sensíveis da cidade.

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Não há consenso ainda sobre qual seria o motivo da onda de ataques. Segundo Precioso, a causa seria a insatisfação dos presidiários com a troca de governo. Eles estariam tentando evitar um eventual endurecimento do sistema prisional que, de acordo com Precioso, está "acomodado". O secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, discordou e afirmou que os atentados são resultado da união das facções criminosas contra o avanço das milícias.

Esses grupos são formados por policiais militares e civis, ex-policiais, bombeiros, agentes penitenciários, militares das Forças Armadas e "arrependidos" (criminosos que mudam de lado e passam a trabalhar nas milícias). Eles invadem e ocupam favelas do Rio. Em seguida, expulsam ou matam os traficantes e criminosos do local e passam a cobrar uma taxa de segurança de moradores e comerciantes.

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Com relação ao esquema de segurança para o réveillon, não houve mudança. A Polícia Militar vai colocar nas ruas 14.234 soldados. Já a Polícia Civil terá 6,5 mil policiais envolvidos com a festa da virada no estado.

Escudo do filho

Festa que perdeu o brilho para os familiares das vítimas dos ataques. Sete estavam no ônibus da Itapemirim que seguia do Espírito Santo para São Paulo. Elas morreram carbonizadas (leia sobre o caso na página 14). Outros dois civis assassinados são uma vendedora ambulante que estava perto de uma cabine da PM em Botafogo e um homem que estava na porta da 28.ª DP. A mulher, Sueli Maria Lima de Souza, de 33 anos, morreu servindo de escudo ao filho Gabriel, de 6, contra os disparos feitos por bandidos. Ela vendia sorvetes naquele ponto.

Os soldados da PM mortos foram Robson Padilha Fernandes e o cabo Marcelo da Silva Oliveira, que ontem comemoraria o aniversário da filha do meio, que fez 8 anos. A mulher dele, Andréia, contou que Marcelo adorava ser PM, embora ela tentasse convencê-lo a procurar outro emprego. "Sempre morri de medo da violência", explicou ela, que tem mais dois filhos, um de 9 e outro de 1 ano e 7 meses. "Ontem (quarta), ele foi comigo e a menina comprar os presentes, um ursinho e roupas que ela mesmo escolheu para usar na festinha de hoje (ontem). Agora nem sei como vou contar para eles que o pai morreu", concluiu ela.