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Segurança pública

Curitiba ainda mais violenta

Chacina no Barreirinha: um dos casos mais marcantes de violência no início de 2009 em Curitiba resultou em seis mortes | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Chacina no Barreirinha: um dos casos mais marcantes de violência no início de 2009 em Curitiba resultou em seis mortes (Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo)
Veja o levantamento de mortes violentas realizado pela Gazeta do Povo |

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Veja o levantamento de mortes violentas realizado pela Gazeta do Povo

O primeiro trimestre 2010 chegou ao fim com 576 pessoas mortas de maneira violenta em Curitiba e nos municípios da região metropolitana. O número mostra que a criminalidade aumentou no período em relação ao ano passado. Nos três primeiros meses de 2009, foram registrados 463 assassinatos na região. O aumento é de 24,4%. O número de 2009 já era 18% do que o do mesmo período de 2008, por sua vez.

A contagem das mortes violentas é feita diariamente pela reportagem da Gazeta do Povo com base nos boletins do Instituto Médico-Legal de Curitiba. A informação é relevante principalmente devido à demora do governo do estado em fornecer informações estatísticas sobre a criminalidade no estado.

Os dados de 2010 mostram que, se a violência continuar ocorrendo na mesma velocidade, Curitiba e região podem chegar ao final do ano com mais de 2 mil mortes violentas. No ano passado. O ano de 2009 acabou com 1.685 ocorrências.

Questionada sobre o aumento da criminalidade neste ano e em relação à projeção de mortes violentas para 2010, a Secretaria de Segurança afirma que o número de mortes violentas em Curitiba e região metropolitana caiu nos últimos cinco fins de semana – o que seria reflexo do policiamento re­­for­­çado pela operação Cidade Se­­gu­­ra. A queda de assassinatos atinge 30,9% na Grande Curitiba e che­­ga a 36,2% se for considerada apenas a capital. "A projeção para dezembro já pode ser desconsidera­­da porque as polícias estão a cada fi­­nal de semana reduzindo o nú­­mero de mortes violentas na cidade", diz nota enviada ao jornal.

Março

Na comparação com fevereiro, o mês de março acabou com um número inferior de mortes violentas. Mesmo assim, foram registradas 165 no período até as 20 horas de ontem. Como em outras ocasiões, as mortes provocadas por arma de fogo foram as mais comuns. Foram 137 mortes desse gênero, contra 17 causadas por agressão física e 11 assassinatos com uso de arma branca. Os homens na faixa etária dos 18 aos 30 anos continuam sendo as principais vítimas.

Para os especialistas em segurança pública, a tendência de crescimento rápido e intenso é vista como reflexo de três fatores: a disponibilidade e acesso a armas de fogo; a presença da droga; e a banalização do crime. Na opinião do ex-secretário de Segurança Pública de Minas Gerais Luís Flávio Sapori, professor de Ciências Sociais, Curitiba sofre em função do varejo da droga. "A bolha de violência imposta por ela acaba levando a uma letalidade em qualquer conflito", lembra ele.

Por outro lado, o coordenador do Grupo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná, o sociólogo Pedro Bodê, acredita que somente as drogas não servem como explicação. Se fosse assim, segundo ele, capitais do mundo onde há consumo de drogas teriam índices de homicídios altos. Segundo Bodê, o que produz a subida da criminalidade é a falta de um sistema de informações e a inexistência de transparência. "É preciso ter um bom diagnóstico da origem dos homicídios e haver uma intervenção direta. Enquanto houver a sombra e a incerteza dos dados, vamos continuar na escalada", diz o sociólogo.

Saídas

Para não ver cumprida a projeção negativa de 2010, os especialistas sugerem a adoção de algumas estratégias, na grande maioria utilizadas por outras secretarias de segurança pública. Para o advogado criminalista Dálio Zipin, representante do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o policiamento deveria ser aumentado; a polícia deveria investir na inteligência; e o Estado precisa investir mais em políticas públicas como infraestrutura, educação e trabalho. O combate ao uso de drogas, principalmente com a oferta de locais de recuperação, também é pertinente.

O professor em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul José Vicente Tavares dos Santos também destaca a necessidade da implantação de projetos sociais de prevenção à violência; a criação de uma polícia comunitária e a oferta de mais empregos para a população jovem – comumente atingida pela violência. "Onde houve investimento em segurança, priorizando a inteligência e efetivo, ocorreu a diminuição da violência."

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