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Saúde

Curitiba baixa índice de mortalidade infantil

Valéria com a filha Stefani, de 5 meses, sendo atendida por médico do programa: segurança | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Valéria com a filha Stefani, de 5 meses, sendo atendida por médico do programa: segurança (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Pela primeira vez na história, Curitiba atinge um coeficiente de mortalidade infantil (CMI) de apenas um dígito: 9,8 óbitos para cada grupo de mil nascidos vivos, alcançando um índice inferior ao limite ideal aceito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para países em desenvolvimento, que é de 10 para mil. O programa Mãe Curitibana completa hoje 10 anos de existência e ajudou a reduzir esse índice.

Implantado pelo secretário municipal de Saúde e vice-prefeito, Luciano Ducci, aos poucos, o programa foi incorporado à vida das mulheres curitibanas. "Todas as mães da cidade recebem uma visita ou ao menos um telefonema após o nascimento do bebê", explica.

As maiores vantagens de participar do programa é que mãe e bebê recebem toda a assistência necessária durante e após a gravidez. A gestante pode fazer todas as consultas pré-natais nas unidades de saúde e conhece o local do parto com antecedência. A professora Valéria Pietrobelli, 20 anos, mãe de Stefani, de 5 meses, garante que essa possibilidade a deixou muito mais segura. "Foi ótimo poder contar com o mesmo médico que me atendeu durante toda a gestação na hora do parto", conta.

Seis maternidades estão vinculadas ao Mãe Curitibana, todas receberam o certificado de hospital Amigo da Criança, concedido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Desde 1998, quando o CMI da capital era de 16,6 para mil, cerca de 166 mil gestantes já passaram pelo programa, sendo que 90% delas fizeram mais de sete consultas pré-natais.

Desafios

Além de acompanhamento integral, o programa toma outras medidas para diminuir a mortalidade de crianças até 1 ano de idade. A redução da gravidez na adolescência é uma das prioridades. Em 1999, 20% das mulheres atendidas tinham até 20 anos. Hoje o número caiu para 14,6%. O incentivo ao aleitamento materno também é fundamental para derrubar os índices. "Em 1999, só 14% das mães amamentavam o bebê até o sexto mês de vida. Hoje são mais de 45%. Quem não tem essa possibilidade pode contar com os postos de coleta de leite humano, presentes nos principais bairros da cidade", explica Ducci.

A transmissão vertical do vírus HIV é outro problema que está sendo superado. Atualmente 0,9% das gestantes atendidas pelo Mãe Curitibana são soropositivas. Sem acompanhamento, 30% dos bebês são infectados pelo vírus HIV. O programa conseguiu reduzir a transmissão para 3%. O coeficiente de mortalidade materna caiu pela metade: hoje é de 30 para cada 100 mil mulheres. Em 1999, era de 60.

Pode melhorar

De acordo com o médico Aristides Schier da Cruz, presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, o resultado alcançado pela capital é um marco, mas ainda há muito o que melhorar. "As mortes que ocorrem entre 1 e 12 meses são mais fáceis de evitar, pois ocorrem por causa de diarreias, pneumonias, má alimentação, falta de leite materno, assistência médica e saneamento básico. O maior problema são as mortes evitáveis que ocorrem antes de os bebês completarem 28 dias. As principais causas são as infecções, a asfixia e a prematuridade. Precisamos oferecer profissionais mais especializados, um número maior de UTIs neonatais e garantir a presença de um pediatra durante o parto", acredita.

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