• Carregando...
 |
| Foto:

Dívida pode ir a 20% da receita do município

Com tantos empréstimos, fica o questionamento: Curitiba terá condições de arcar com essas dívidas no futuro? Uma resolução do Senado Federal dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal de 2001 prevê que os municípios podem comprometer até 120% da sua receita com esses financiamentos. Curitiba já ocupou 13%. Com os novos pacotes, passará a ter cerca de 20% de sua receita comprometida com as dívidas.

De acordo com o especialista em economia de finanças públicas e professor do Unicenp, Artur Coelho, esse índice é positivo. "Nós, pessoas físicas, não conseguimos nos endividar 100%, só 30%. Mas o poder público trabalha com receita contínua e com a sua ampliação", explica. Mesmo com este teto, porém, diz o especialista, não é recomendável passar de 80% – limite chamado prudencial em que o município passa a sofrer fiscalização intensa e restrições.

"É legalmente correto, mas pode haver comprometimento operacional. Se a capacidade de endividamento for a zero, as próximas gestões só poderão pagar os empréstimos feitos no passado e não poderão investir em nada", explica Coelho.

Tanto o convênio com a Agência Francesa de Desenvolvimento quanto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento têm duração de cinco anos. O pagamento é feito em 15 anos e os juros são inferiores a 4%. (TC)

Com a capacidade de investimentos próprios reduzida em 2008 (a pasta de Obras sofrerá uma redução de 16% em relação ao que foi previsto para 2007), a prefeitura de Curitiba pretende captar verbas do governo federal, de empréstimos e financiamentos internacionais para poder continuar aplicando em obras. Se todo o dinheiro esperado vier, serão cerca R$ 1,3 bilhão. Apesar disso, a prefeitura garante que o montante não chegará a aumentar em excesso o endividamento público do município.

Havendo a liberação do dinheiro, a previsão é de que os recursos sejam aplicados pelos próximos cinco anos na viabilização de grandes obras, como o metrô, o contorno ferroviário, a regularização fundiária na bacia do Barigüi e a revitalização do eixo de transporte Norte-Sul.

Do total de R$ 1,3 bilhão, R$ 970 milhões são para projetos que a prefeitura tenta incluir no Plano Prurianual da União (PPA-2008 2011). Outros R$ 187 milhões fazem parte de um convênio com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e R$ 189 milhões viriam do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os programas da AFD e do BID prevêem que metade dos recursos sejam repassados pelas agências internacionais e a outra metade seja de contrapartida de recursos próprios do município.

Transportes

Os projetos que o poder público municipal tenta incluir no Plano Pluri-Anual privilegiam a área de transportes. Se emplacar todas as emendas que pretende, a prefeitura pode tirar do papel o metrô, o contorno ferroviário, modernizar todo o sistema semafórico da cidade e, ainda, investir em melhorias no transporte coletivo de Curitiba e da região metropolitana.

No caso do financiamento da agência francesa, os recursos serão aplicados na revitalização do eixo Norte-Sul, por onde circulam 260 mil pessoas por dia. A principal idéia é desalinhar as estações-tubo para possibilitar a ultrapassagem do ônibus Ligeirão, que fará o percurso em menos tempo e sem parar em todas as estações.

Na parte de transportes, o convênio com a AFD prevê ainda a construção de um novo terminal na CIC, reformas dos terminais Capão Raso, Portão e Santa Cândida, construção de galeria subterrânea entre as estações da Eufrásio Correia e a implantação de uma ligação entre os terminais Cabral e Capão da Imbuia. Na parte de meio ambiente e habitação, o programa prevê a recuperação da bacia do Barigüi, a regularização fundiária da área e a realocação de famílias em áreas de risco.

Urbanização

Já o BID III deve urbanizar sete vilas e possibilitar 17 obras viárias, a construção de três Centros de Convivência e de sete Centros de Referência de Assistência Social.

"São projetos de extrema importância para o futuro da cidade e temos plena confiança de que teremos a aprovação para dar continuidade aos procedimentos necessários", afirma o prefeito Beto Richa. "São projetos estruturais para a cidade pensando em médio e longo prazo", complementa o secretário municipal de finanças, Luiz Eduardo Sebastiani.

Os recursos desses três pacotes ainda não estão garantidos. O Plano Pluri-Anual depende ainda de votação e aprovação do Congresso Nacional. O convênio com a AFD está em fase de formalização de documentos. Contudo para ser efetivado, o convênio necessita ainda de aprovação da União, que serve como avalista do financiamento externo.

O foco do trabalho da AFD é o de diminuição do aquecimento global, o que vai ao encontro dos interesses e dos projetos apresentados por Curitiba. Com a diminuição do tempo de viagem dos ônibus e a atração de passageiros para o sistema coletivo que deixam de usar carros particulares; a emissão de gases poluentes deve diminuir.

Já o convênio com o BID III está em fase final de aprovação dentro do próprio banco. Uma missão de técnicos vem a Curitiba neste mês para avaliação final dos projetos das obras previstas no programa. Depois disso, é necessária também a aprovação da União. Se a prefeitura conseguir a liberação dos dois programas que buscam recursos internacionais, os convênios devem começar a ser implementados a partir do ano que vem. Ambos têm duração de cinco anos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]