Curitiba busca uma solução para a enrascada em que está metida: arrecada bem menos do que gasta com a gestão do lixo e o contrato com o aterro de Fazenda Rio Grande vence em outubro sem chance de renovação. Para tentar uma saída, e ainda voltar à vanguarda na área ambiental, a prefeitura firmou acordo com um braço do Banco Mundial, a International Finance Corporation (IFC), que apresentará proposta para remodelar o sistema de gestão de resíduos.
A contratação foi há um mês, ao custo de US$ 1,94 milhão (R$ 5,2 milhões na cotação de dezembro). A prefeitura pagará 25% e o restante será custeado por uma ou mais empresas escolhidas para prestar o serviço. A contratação da IFC foi feita sem licitação, por notória competência. A instituição já elaborou projetos de infraestrutura para vários países. Na área de lixo, atuou na Índia, na Faixa de Gaza e na capital sérvia Belgrado, mas com projetos menos complexos do que este a ser desenvolvido em Curitiba.
Secretário municipal de Meio Ambiente, Renato Lima diz que o projeto encomendado à IFC precisa ser sustentável tanto do ponto de vista ambiental como financeiro. O sistema deve se pagar. Hoje a cidade arrecada R$ 88,79 milhões com a taxa de lixo e gasta R$ 198 milhões com o serviço. Encontrar formas de equalizar a conta é uma missão do projeto. Lima diz não estar em busca apenas de uma solução viável economicamente. Ele espera que o novo modelo recoloque Curitiba na posição de referência ambiental.
Como hoje a gestão do lixo é feita de forma consorciada por 23 municípios da região metropolitana, as soluções da IFC devem levar em conta o sistema integrado. Um dos objetivos é reduzir o volume de lixo que vai para aterro, de 2,5 mil toneladas por dia para 500 toneladas. Primeiro, porque ao menos 30% do que é enterrado é reciclável e poderia ser aproveitado. Segundo, porque aterrar lixo é caro e o serviço é pago por tonelada. Assim, quanto menos, melhor. Há em estudo outras alternativas, como incineração e compostagem. Enterrar não é a melhor alternativa e queimar deve ser a última.
O projeto será desenvolvido em 16 meses e prevê a cada etapa apresentação de resultados das propostas, para que a prefeitura não receba um modelo sem possibilidades de alterações. O estudo deve prever o sistema de coleta de lixo convencional e reciclável, a limpeza urbana, o transporte e as opções de destinação. Uma das premissas deve ser a descentralização, evitando que combustível seja inutilmente queimado em distâncias enormes percorridas por caminhões lotados de lixo.