A partir deste sábado (6), usuários do transporte coletivo de Curitiba e região passam a pagar R$ 3,30 na catraca em qualquer modalidade de pagamento. Desde fevereiro, quem usava o cartão-transporte tinha desconto de R$ 0,15. O fim do benefício é resultado de uma recomendação do Ministério do Público do Paraná e do Procon, que consideravam irregular a cobrança de tarifas diferenciadas. A Urbs, então, nivelou o valor por cima. Contudo, a adoção de preços diversos para cada modalidade de pagamento são comuns em outras cidades, inclusive no Paraná.
Há diversas formas para estimular o uso do cartão-transporte, mas diminuir a fisgada ‘no bolso’ tem se mostrado mais eficaz. Em São Paulo, 92% dos usuários pagam com o Bilhete Único. Lá, o passageiro pode embarcar em até quatro ônibus diferentes pagando uma tarifa ou fazer integração com o Metrô/CPTM, pagando 50% no segundo modal. Essa integração temporal paulista, diz a SPTRans, trouxe mais usuários ao sistema. Em média, 30% dos usuários viajam sem pagar a segunda tarifa. A arrecadação cresceu 3% em dias úteis e até 7% aos finais de semana. Essas informações são anteriores à adoção dos bilhetes diário, semanal e mensal – que também dão desconto.
Curitiba tem integração temporal, mas ela é restrita a poucas linhas. Em entrevistas recentes, Roberto Gregório, presidente da Urbs, disse que a ampliação desse mecanismo na cidade traria um impacto de 8% ao custo do sistema. Mas outros sistemas no mundo poderiam servir de exemplo para evitar que o nivelamento do preço impactasse no bolso dos mais de um milhão de usuários que pagam com cartão em Curitiba (61% do total). Antes da tarifa diferenciada, eram 56,1%.
O Oyster Card, em Londres, por exemplo, pode parecer caro em um primeiro momento, mas tem um sistema de descontos progressivos para quem usa muito. Se o usuário passa na catraca muitas vezes, as demais viagens do mesmo dia são gratuitas. Já em Paris, na compra de dez tarifas, o desconto é de 20%.
Na recomendação feita à Urbs, o promotor de Justiça Maximiliano Ribeiro Deliberador argumentou que não se pode cobrar preços diferentes por um mesmo serviço. Ele citou decisões do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Justiça do Rio que tinham proibido a tarifa diferenciada em São Paulo e na capital fluminense.
Contudo, há exemplos da prática de valores diferenciados aqui mesmo no Paraná: os sistemas de Maringá, Campo Largo, Araucária e São José dos Pinhais dão descontos na catraca para pagamento em cartão. Os benefícios variam de R$ 0,25 a R$ 0,80.