Quatro pessoas recolhidas ontem pela Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) embaixo do Viaduto do Capanema, no bairro Jardim Botânico, disseram ter sido expulsas de Apucarana, no Norte do estado, pela prefeitura do município. Os integrantes do grupo disseram que foram abordados nas ruas de Apucarana, escoltados por policiais e enviados para Curitiba contra a vontade. "Fomos maltratados, chamados de vagabundos por policiais e os que se dizem assistentes sociais", disse um deles, que pediu para não ter o nome revelado. "Vivemos de artesanato, temos casa e família lá. Mesmo assim, nos mandaram para cá."
Os artesãos chegaram a Curitiba no dia 20 de março, dois dias antes da operação da prefeitura de Apucarana que expulsou 15 moradores de rua de uma só vez da cidade, a mando do prefeito e ex-padre Válter Aparecido Pegorer (PMDB). "Passamos fome e frio. Nunca viemos pra cá, não sabemos andar por aqui, por isso ficamos perto da rodoviária. Somos em cinco, mas um já se perdeu", revelou outro integrante do grupo. "Um prefeito que é ex-padre não poderia fazer uma coisa dessas."
Segundo a assistente social e coordenadora da Central de Resgate Social da FAS, Eliana Oleski, os artesão voltarão a Apucarana por vontade própria. "A questão da residência fixa é uma prerrogativa para a liberação das passagens", afirmou Eliana. De acordo com ela, o grupo embarcaria ontem à noite ou hoje pela manhã para Apucarana. A assistente social disse que ainda não foi possível encontrar o integrante do grupo que se perdeu na cidade. Uma artesã revelou que o desaparecido sofre de epilepsia.
Expulsões
Ontem, a assessoria da prefeitura de Apucarana disse desconhecer os artesãos encontrados em Curitiba. Segundo a assessoria, os recolhidos no dia 22 de março foram enviados para suas cidades de origem por vontade própria. No entanto, a prefeitura já havia admitido no dia da operação que pelo menos 60 andarilhos já tinham sido devolvidos para suas cidades de origem nos últimos meses. Como eles insistiam em voltar, a prefeitura iniciou a expulsão.
No dia último dia 22, a prefeitura de Apucarana recolheu, fichou na polícia e expulsou andarilhos da cidade em uma operação que durou cerca de quatro horas. A atitude foi condenada por instituições de defesa dos direitos humanos e pela Igreja Católica, mas recebeu apoio de comerciantes e moradores da cidade. Quinze pessoas foram colocadas em veículos da prefeitura e levadas para o cartório da Polícia Militar, onde permaneceram trancados em celas, até que todos fossem identificados e ouvidos. Depois, foram embarcados em ônibus de linha, na presença de funcionários da Ação Social do município e policiais militares.
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