Curitiba se destaca como uma das melhores cidades para se viver após os 60 anos. Segundo o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL), a capital paranaense ocupa a 13.ª colocação em um ranking com os 150 grandes municípios do país – a 4.ª entre as capitais. No entanto, apesar do bom desempenho, a cidade ainda tem muitos desafios pela frente para garantir uma boa qualidade de vida para quem já está na terceira idade, tais como nas áreas de segurança e distribuição de renda.
Organizado pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EAESP), o levantamento leva em consideração sete aspectos relacionados à qualidade de vida nessa faixa etária, como cuidados com saúde, finanças, cultura e engajamento, bem-estar, habitação, trabalho e cultura. Para esses cálculos, a pesquisa usou dados públicos do IBGE, Datasus, do Tesouro Nacional e do Banco Central. Os aspectos culturais e de educação também tiveram bons resultados.
E foi na parte financeira que Curitiba mais se destacou. De acordo com o IDL, a capital paranaense possui um número reduzido de pessoas consideradas de baixa renda, além de um elevado nível de desenvolvimento social.
Além disso, o desempenho nos cuidados com a saúde também chamam a atenção. Segundo o levantamento, a capital paranaense tem o maior número de hospitais com afiliação com escolas médicas, além de contar com um bom número de equipamentos de diagnóstico, médicos e enfermeiros e de internações clínico-cirúrgicas de alta complexidade.
Isso tudo coloca Curitiba como a quarta melhor capital da lista, atrás apenas de Florianópolis, Porto Alegre e Vitória. Segundo o gerente institucional do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, Antônio Leitão, isso reflete o que outras pesquisas já indicaram sobre a melhor qualidade de vida que os estados das regiões Sul e Sudeste oferecem. Em termos de comparação, São Paulo ocupa a 19.ª colocação e o Rio de Janeira a 24.ª.
Muitos desafios
Só que isso não quer dizer que a cidade seja perfeita para a terceira idade. “O ranking é feito para criarmos uma ordem, mas não quer dizer que uma cidade com boa colocação não tenha problemas”, explica Leitão. “Todas as cidades têm o que melhorar e aprimorar e a gente identifica isso em Curitiba. Não é tão preto no branco”.
Para o especialista, o bom posicionamento da cidade não é motivo para “colocá-la em um pedestal”, já que os índices apontam uma série de desafios que ainda precisam ser vencidos para garantir uma melhor qualidade de vida para quem tem mais de 60 anos. Embora Curitiba seja a sétima cidade melhor avaliada no quesito Finanças, o mesmo aspecto revela um enorme índice de desigualdade social que precisa ser trabalhado. A carga tributária é outro grande desafio a ser vencido, principalmente pelo baixo investimento vindo do poder público.
A a segurança segue preocupante. Curitiba é apontada pelo IDL como a 12.ª cidade mais violenta do ranking. Embora a frequência das ocorrências contra idosos esteja bem abaixo da média nacional, o índice relacionado a homicídios por arma de fogo contra essa população assusta. A pontuação média das cidades é de 71,5 e Curitiba conseguiu uma nota 66,5, o que lhe garantiu a 95.ª posição. Com relação à violência no trânsito, a capital paranaense está na 76.ª colocação.
De acordo com Leitão, o objetivo dos índices é servir de norte às prefeituras, mostrando quais aspectos ainda precisam ser melhorados a partir dessa perspectiva voltada à terceira idade. “Queremos que o IDL seja entendido como uma ferramenta para a gestão pública, orientando para melhores resultados”, revela o especialista. “Todo o levantamento é feito a partir de dados públicos que estão dispersos. É difícil fazer essa integração e relação. A nossa ideia, portanto, é facilitar o acesso a esses dados”.
Tanto que a proposta, conforme ele detalha, é fazer esse tipo de pesquisa a cada dois anos para acompanhar a evolução de cada município em cada um dos índices avaliados. “Essa é a primeira vez que fazemos o IDL e escolhemos um ano de início de mandatos exatamente para ajudar nessa orientação”, explica.