Curitiba aparece como a terceira cidade mais violenta do Brasil no Mapa da Violência, levantamento divulgado nesta sexta-feira (22) pelo Ministério da Justiça. A capital paranaense está atrás apenas de Camaragibe (Pernambuco) e Duque de Caxias (Rio de Janeiro) em número de crimes de morte intencionais.
O Mapa da Violência listou os crimes ocorridos em cidades com mais de cem mil habitantes em 2004 e 2005, com base nos dados fornecidos pelas secretarias de segurança dos estados.
O Paraná subiu do oitavo para o terceiro lugar no ano passado, atrás apenas de Rio de Janeiro e São Paulo. Só que nesses dois estados os números diminuíram, enquanto aqui, ao contrário, eram 3.644 em 2004 e passaram para 5.886 no ano passado. No Rio Grande do Sul, que tem população semelhante à do Paraná, 10 milhões de pessoas, o número de assassinatos não chegou à metade: foram 2.749.
Cidades
Camaragibe, na região metropolitana do Recife, é o município que mais registrou casos de violência. Foram 180,9 mortes para cada 100 mil habitantes no período estudado. Em segundo lugar, vem Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, com 120,7 mortes por 100 mil habitantes. Curitiba está em terceiro, com um índice de 119,9 mortes, ocupando o posto de capital mais violenta.
Três municípios do Paraná aparecem entre as onze cidades com maior índice de homicídios. Além de Curitiba, estão listados Londrina e Foz do Iguaçu.
O coordenador da pesquisa, Marcelo Durante, informou que somente Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Distrito Federal enviaram dados referentes a 100% de suas delegacias.
No Brasil, o número absoluto de mortes resultantes de crimes violentos cresceu 1% de 2004 para 2005, aumentando de 54.696 para 55.312. Em 11 estados, porém, foi registrada grande redução nesse tipo de ocorrência. A maior delas no Rio Grande do Sul, com queda de 35%.
A Secretaria da Segurança do Paraná informou, por sua assessoria, que o estudo está sendo analisado e só irá se manifestar no sábado. Contudo, a secretaria adiantou que os números divulgados são divergentes aos fornecidos pelo Paraná. Outros estados também estariam contestando os números.
Metodologia
O Mapa da Violência não traz informações 100% precisas sobre o número de ocorrências em cada estado brasileiro. Isso porque o grau de detalhamento das informações fornecidas pelas secretarias de segurança varia de estado para estado.
No caso do Espírito Santo, por exemplo, o ministério sequer utilizou as informações, devido a precariedade das mesmas. Alguns estados forneceram apenas o número de ocorrências, sem especificar faixa etária e raça dos infratores e vítimas.
O próprio texto do Ministério da Justiça alerta para o fato de que "...há estados onde já existem redes informatizadas que interligam todas as delegacias e bases de dados que sintetizam periodicamente as estatísticas coletadas destas delegacias. Por outro lado, há estados onde inexistem estruturas como estas."
Segundo o Ministério, apenas as secretarias de segurança da Bahia, Distrito federal, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Sergipe, Goiás e Tocantins informaram praticamente 100% do total de ocorrências.
O ministério também alerta para a existência de diferentes graus de sub-notificação dentro dos próprios estados. "Em muitos casos as vítimas sequer registram queixa na polícia. Isso se reflete nas estatísticas", explica o firetor-exeutivo do Instituto Sou da Paz, Dênis Mizne.