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De repente, alunos que passaram anos em escolas como a Maria de Lourdes Lamas Pegoraro, no Cajuru, se veem obrigadas a mudar de colégio. Prefeitura e governo do PR querem fazer transição ser mais natural | Marcelo Andrade / Agência de Notícias Gazeta do Povo
De repente, alunos que passaram anos em escolas como a Maria de Lourdes Lamas Pegoraro, no Cajuru, se veem obrigadas a mudar de colégio. Prefeitura e governo do PR querem fazer transição ser mais natural| Foto: Marcelo Andrade / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Acompanhamento continua ao longo do ano

Para 2015 estão previstos quatro seminários integrados, entre redes de ensino estadual e municipal. Neles serão trabalhados os desafios da transição e todas as equipes pedagógicas as escolas devem sentar juntas para avaliar o desempenho do programa. Isso servirá como base para que, nos próximos anos, grupos semelhantes sejam criados em outras regionais de educação do estado com municípios do interior.

Estudantes têm vaga garantida no 6º ano

Tanto a professora Ida quanto o professor Maurício explicam que há vagas para todos os 16 mil alunos por ano de Curitiba que fazem a mudança de colégios. Há um sistema de georreferenciamento que prevê as transferências de escola para o ano seguinte. O que acontece, às vezes, é que há um movimento grande de famílias dentro da cidade, especialmente em áreas de conjuntos habitacionais. Esse programa de transição deve ajudar nessa questão, segundo os governos estadual e municipal. Com ele será possível fazer um planejamento mais detalhado de onde são necessárias mais vagas para atender aos estudantes e manter eles mais próximos de suas casas.

Da infância, os adultos costumam lembrar com frequência das histórias que deram medo. Pode ser dos dentes de leite que começam a cair, ou então do receio de subir pela primeira vez na bicicleta. Não há unanimidades, mas um momento difícil, geralmente lembrado com detalhes, é também a mudança de escola. De repente, chega-se aos 11, 12 anos e, em vez de dois ou três professores, passa-se a ter um para cada uma das várias disciplinas. Há ainda os dilemas de escrever a lápis ou a caneta e/ou de comprar caderno grande ou pequeno.

Com a experiência de ver essas questões ano após ano nos olhos das crianças, a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Paraná resolveram fazer um teste na capital paranaense para tentar diminuir a tensão de mudar de escola. Desde o início do ano, o assunto é discutido pelo Grupo de Curitiba, composto por membros da Secretaria Municipal de Educação, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e da Secretaria Estadual de Educação do Paraná (Seed-PR). A promessa é de que, nesse ano, os alunos que irão do 5º. para o 6º. ano já não chegarão com boa parte das dúvidas históricas dessa fase da vida.

O grupo aposta em um método de quatro etapas para minimizar a transição do 5º. para o 6º. ano. Primeiro, reuniões nas regionais devem apresentar às escolas estaduais como deve ser a transição. O passo dois será levar alunos que já mudaram de escola e estão no sexto ano para conversar com os estudantes do quinto, que vão passar pela mudança no ano seguinte. Posteriormente, os alunos prestes a migrar de escola farão visitas monitoradas à instituição que vão frequentar, onde poderão fazer perguntas e esclarecer dúvidas. Por último, no primeiro dia de aula, uma recepção apenas com os novos alunos e seus respectivos familiares será feita nas escolas estaduais, em uma acolhida exclusiva aos novatos.

Uma das coordenadoras desse processo conta que ela mesma pode ser considerada uma prova de que algo precisa ser feito para que os adultos de amanhã tenham histórias melhores do tempo da mudança de escola. Ida Regina Moro Milléo de Mendonça, superintendente de gestão educacional do município, conta que quando passou por esse momento, levou um tempo para conseguir se adaptar à nova rotina. "Saí de uma escola pequena, onde eu conhecia todo o espaço, e fui para uma escola onde eu era a menorzinha. Tinha uma mesa de pingue pongue, e eu não conseguia jogar porque as crianças maiores não me deixavam. Ficava a hora do recreio inteiro só olhando", compartilha.

A professora Ida, com o tempo, conta que conquistou espaço na escola e pôde jogar pingue-pongue. Mas esse processo de adaptação, segundo ela, pode ser mais natural, o que é um dos principais objetivos do Grupo de Curitiba – do qual ela também faz parte. "Essa transformação é muito significativa para essa meninada na faixa de 10 a 12 anos. Quanto mais pudermos aproximar os sistemas de ensino, garantir que a transição seja tranquila, de acolhimento, uma transição de sucesso para os estudantes, isso vai se repercutir nos processos de aprendizagem."

O professor Maurício Pastor dos Santos, da chefia de gabinete da Seed, aponta para a mesma direção. Segundo ele, todo o procedimento discutido com o grupo leva aos envolvidos na parceria a acreditarem na melhoria dos números da educação. Atualmente, há 16 mil crianças que fazem a transição todos os anos do sistema de ensino municipal para o estadual apenas em Curitiba. Ele conta que na capital, os alunos terminam o 5º ano com 7,6% de distorção idade-série, ou seja, concluem os anos iniciais com mais idade do que deveriam ter (de 10 a 12 anos). Mas essa situação aumenta, a partir dos anos finais, de modo que no 9º ano essa média de distorção idade-série chega a 18,5%.

"Esse aumento na distorção ano-série ocorre tanto nos colégios estaduais quanto nos colégios municipais que possuem anos finais do ensino fundamental (em Curitiba há 11). As práticas pedagógicas precisam de uma adaptação," diagnostica o professor. "Isso pode ser conseguido pela ação conjunta entre município e estado. A ideia é de que dessa forma nós possamos fazer diferente do que era feito no passado, no programa de correção de fluxo, que atacava as consequências. Esse é um programa diferente, que atua na prevenção", completa.

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