Confira o levantamento de mortes em Curitiba| Foto:

Com média de 3,2 óbitos por dia, julho foi o primeiro mês de 2010 a registrar queda no número de homicídios em Curitiba e região metropolitana em relação ao mesmo período dos dois anos anteriores. Ao todo, foram 100 mortes a tiros, por arma branca ou agressão – 25% a menos em comparação com julho de 2009. É o número mais baixo em 14 meses, segundo dados obtidos nos boletins diários do Instituto Médico-Legal (IML).Apesar do desempenho positivo, o julho ultrapassou a marca de mil mortes violentas em 2010. Foram 1.081 vítimas de homicídios nos sete primeiros meses do ano (média de 154 por mês), total 10% superior ao mesmo período de 2009.

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A redução no número de vidas perdidas pela violência no último mês é reflexo da queda de 24% no número de mortes com emprego de armas de fogo. Foram 82 óbitos em julho contra 108 no mês anterior. Mesmo assim, o números ainda é alto. Para o sociólogo Pedro Bodê, isso é resultado de uma falha no cumprimento do Estatuto do Desarmamento. "Uma parte [das regras do estatuto] era para estancar a entrada de armas ilegais no país, mas os números indicam que essa parte do processo continua falha", afirma.

CIC

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Apesar de a Cidade Industrial de Curitiba (CIC) permanecer na liderança do ranking de homicídios por bairros na capital, as três pessoas que morreram violentamente em julho reduzem a média do primeiro semestre, que era de 11 assassinatos por mês. Para a delegada Vanessa Alice, titular da Delegacia de Homicídios de Curitiba, a queda do número é retrato de operações policiais feitas na região. "Equipes têm trabalhado diariamente na CIC. Vamos combatendo onde há mais incidência de crimes", afirma.

Os números mostram ainda que São José dos Pinhais, Colombo e Piraquara concentram 50% das mortes violentas na região metropolitana desse ano. Os homens continuam a ser a maioria das vítimas – 90% das pessoas mortas em 2010 são do sexo masculino. Outra característica daqueles que são assassinados é a idade: 61% têm entre 18 e 30 anos. "A grande maioria dos crimes tem ligação com o tráfico. Ou é acerto de contas, disputa por ponto de drogas ou alguém acaba morrendo para que outra tenha dinheiro para comprar [entorpecentes]", diz a delegada.

Apesar da queda de julho, Bodê afirma que é cedo para comemorar. Segundo ele, é preciso aguardar os resultados dos próximos meses. "Devemos louvar e considerar importante qualquer declínio na taxa de homicídios, mas precisamos entender as causas. Tem que se esperar", diz. "É importante que continue se acompanhando para ver se a tendência se mantém nos meses seguintes", complementa. Ele explica que, se a queda for mantida, aí sim pode-se estudar os fatores que motivaram isso.

Metodologia

Devido à demora para a divulgação dos dados sobre a criminalidade em Curitiba e região, a Gazeta do Povo adotou uma metodologia própria para levantar dados sobre a violência. Os números apresentados nessa e em outras reportagens utilizam os boletins divulgados diariamente pelo IML. São computadas informações relacionadas à vítima, data, local e natureza da morte. Para calcular os índices de crimes são separadas as mortes por arma de fogo, arma branca e agressão das demais – trânsito, trabalho, queimadura, queda e afogamento.

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