Seja pelas discussões em torno dos altos custos ou por um contrato de concessão que trouxe mais polêmica do que solução, o sistema de ônibus de Curitiba – outrora apontando como um dos mais inovadores do país – ficou para trás quando o assunto são as novas tecnologias embarcadas. Em São Paulo, por exemplo, 220 veículos foram encomendados com ar-condicionado, internet sem fio, televisores, câmeras de segurança e validadores antifraude – tecnologia que está chegando apenas agora à região metropolitana.
Outra novidade que deve surgir em Curitiba até o próximo ano é o BRT Elétrico Híbrido articulado (diesel e elétrico), mas a linha em que ele irá operar é uma incógnita. Já não há mais a certeza de que a Linha Verde será o local ideal para colocá-lo em operação. Um modelo menor desse veículo está em teste na Suécia desde junho. E o Hibribus que já opera na cidade entrou na polêmica do alto custo da tarifa por ter tido o risco do negócio repassado ao usuário.
Engana-se, porém, quem pensa que a inovação em sistemas de bilhetagem ou de veículos sirva mais para marketing ecológico. A tecnologia é a principal aposta do setor para reduzir custos do transporte público, aumentar o conforto, atrair mais passageiros e mantê-lo competitivo frente a outros modais. O fabricante do veículo elétrico-híbrido, por exemplo, promete uma redução de até 35% no consumo de diesel. Combustíveis e lubrificantes são responsáveis por mais de 15% do custo da tarifa em Curitiba.
Já o combate à fraude é essencial para corrigir distorções. Em Curitiba, 2,9 milhões de passageiros utilizam o sistema por mês sem pagar tarifa ou pagando apenas a metade. Com base em exemplos de cidades que já têm leitores de biometria facial há mais tempo, a empresa que opera na capital estima uma redução de 25% das isenções e benefícios. Essa racionalização poderia trazer R$ 2,3 milhões a mais por mês para sustentar o sistema.
Mas como investir em novas tecnologias em um sistema envolto em atrasos nos repasses aos empresários e greves? Os 270 novos validadores que estão entrando em operação em Curitiba, por exemplo, têm custo unitário de R$ 7.450 – o que representam gastos de mais R$ 2 milhões. A prefeitura não pagará esse valor porque os aparelhos foram cedidos por seis meses, sem custos. E isso porque a biometria facial já não é mais o suprassumo da tecnologia no combate à fraude. Veja ao lado uma lista de inovações testadas em outros lugares.
Modelos aplicados no Brasil
Veja algumas das tecnologias que estão sendo adotadas em várias partes do Brasil:
Wi-fi
Nas praças, nos ônibus rodoviários, nas sorveterias. Há temos que o Wi-fi em ambientes públicos não é mais novidade. Mas no transporte público de Curitiba ele passou rapidamente no ano passado durante testes de um ônibus chinês elétrico. E ainda não há previsão para que os passageiros voltem a contar com esse benefício. Em São Paulo, o acesso à internet no ônibus é uma realidade fixa em 20 ônibus da linha Jardim Miriam/Terminal Princesa Isabel. Caso seja aprovado, ele será levado para todos os 15 mil veículos da rede. A nova licitação da cidade obrigará que os consórcios universalizem esse acesso no sistema.
Ônibus fiscal
Engana-se quem pensa que faixa exclusiva de ônibus é apenas pintar o asfalto. Já é possível equipar os coletivos de câmeras que flagram motoristas de carros particulares invadindo o corredor. A multa para essa infração é de R$ 191 e o condutor perde sete pontos na CNH. Isso já é realidade ao redor do mundo e chegou a São Paulo no ano passado. Em Curitiba, a fiscalização sobre o uso desses espaços ainda depende exclusivamente da caneta do agente da Setran e das câmeras da cidade. No primeiro semestre deste ano, foram mais de 1,5 mil multas aplicadas na capital paranaense
Smartphone
Em 2013, o Rio de Janeiro testou validadores que permitiam o pagamento com smartphones. Bastava encostar o celular no validador para que a catraca fosse liberada. Isso dois anos atrás. Em São Paulo, quem tem smartphone com tecnologia NFC pode recarregar o bilhete único apenas encostando o cartão no aparelho. Maringá também se prepara para a mudança. Em fevereiro deste ano, os vereadores aprovaram o uso da tecnologia no transporte público da cidade. O uso dos smartphones para pagamento da tarifa também é estudado pela Urbs.
Gestão da Frota
Acostumado a pedaços de papéis afixados nos terminais metropolitanos, os passageiros da RMC aguardam para até o fim do ano o pleno funcionamento de um novo aplicativo que promete dizer ao passageiro exatamente quanto tempo ele irá esperar pelo próximo ônibus. O app ‘Ônibus Fácil’ já está disponível para download, mas a comunicação com os ônibus ainda depende da instalação de GPS em todos os veículos e o georreferenciamento de todos as paradas. Em Curitiba, o site da Urbs disponibiliza as previsões de horário das linhas, há painéis de led em tubos e terminais e qualquer start up pode desenvolver aplicativos com informações da rede. Um exemplo é o Moovit, que funciona em centenas de cidade no mundo e também na capital paranaense.
Exemplos do mundo
Todo o tipo de inovação para deixar o transporte coletivo mais interessante para o passageiro está sendo testado:
Pontos inteligentes
Uma das propostas dos vereadores de Curitiba para o novo Plano Diretor da cidade é disponibilizar informações dos horários dos veículos do transporte coletivo nos pontos de ônibus em material impresso ou displays. O plano é um instrumento para planejar os municípios para os próximos dez anos. Mas, em Chicago, nos Estados Unidos, as paradas do transporte coletivo já contam com displays de LED que trazem em texto e áudio informações em tempo real de todas as linhas que passam no local. Algo parecido com o que ocorre nos tubos de Curitiba, mas aplicado às paradas convencionais. São Paulo inaugurou, no ano passado, um ponto inteligente na Rua da Consolação batizado de e-ponto. A parada conta com Wi-Fi livre, dois computadores para informações sobre as linhas e um sistema de captação de energia solar e dos veículos que passam no corredor. Além disso, outros 20 pontos da região da Avenida Paulista ganharam leitores de QR Code (resposta rápida, em sigla em inglês) para que as informações sejam obtidas no smartphone
Contadores
A sensação diária de que o biarticulado transporta mais gente do que deveria no horário de pico poderia ser evitada com esses equipamentos. São duas as tecnologias disponíveis: sensores no chassis que calculam, com base em um peso médio do ser humano, a quantidade de passageiros; ou contadores nas portas. A empresa que atende os ônibus de Curitiba já tem as duas tecnologias. E a informação da lotação, inclusive, pode ser exibida nos painéis das estações-tubo, terminais e BRTs. A Urbs estuda implantar a tecnologia. Mas ainda não há prazo. Os 20 novos veículos de São Paulo têm os contadores. Na capital paulista, a ideia é que o veículo deixe de parar para embarque quando estiver com a capacidade esgotada, aumentando o tempo de viagem e auxiliando na gestão da frota.
Sem condutor
Comum em alguns sistemas metroviários país a fora, o transporte público sem condutor também já está desenvolvido sobre pneus na Suécia. Projetado pela Volvo, o veículo é uma das apostas da empresa para transportar ainda mais passageiros no horário de pico em sistemas de média capacidade, como o BRT curitibano, diminuindo os custos dessa operação. A operação seria feita via Wi-Fi, conectando o ônibus sem condutor ao que trafega imediatamente à frente com motorista – em um distância de dois metros. Já foram realizados testes desse tipo com caminhões e automóveis, mas os testes e a homologação dos ônibus para venda na Suécia estão previstos para 2018.
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